Serviços recuam em 0,09%
Os gastos com energia elétrica e combustíveis foram os principais impulsionadores para o aumento no custo de vida no último mês de maio. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do Brasil, ficou em 1,11% na Região Metropolitana de Salvador (RMS), acelerando fortemente em relação à taxa de abril (0,34%). O resultado ficou bem acima também do índice registrado em maio de 2017 (0,32%). A RMS teve a maior elevação no custo de vida do Brasil, cujo aumento médio foi de 0,40%.
Com o resultado de maio, a inflação acumulada este ano na Grande Salvador também acelerou, para 2,10% (estava em 0,97% em abril), mantendo-se acima da média nacional (1,33%) também neste critério de avaliação. O resultado já se situa também num patamar mais alto que o acumulado no mesmo período em 2017 (1,38%). Nos cinco primeiros meses de 2018, o IPCA na RMS praticamente já alcançou o acumulado em todo o ano de 2017 (2,14%).
Nos 12 meses encerrados em maio, o IPCA chegou a 2,85%, maior que o registrado nos 12 meses encerrados em abril (2,05%) e praticamente se igualando à média nacional (2,86%).
Em maio, todos os nove grupos de produtos e serviços que compõem o IPCA tiveram aumento na Região Metropolitana de Salvador. Isso não acontecia desde janeiro de 2006. As principais contribuições para a aceleração vieram dos gastos com Habitação (2,97%), Transportes (2,00%) e Alimentação e Bebidas (0,68%) - justamente os três grupos que costumam pesar mais nos orçamentos das famílias.
Entres os itens individuais, a energia elétrica (18,45%) foi o que mais puxou a inflação de maio na RMS, em virtude do reajuste nas tarifas, em vigor
Depois da energia, a gasolina (8,11%) e a cebola (44,69%) foram os produtos que mais contribuíram para alta do IPCA de maio na RMS. No caso da cebola, o aumento chega a 159,34% no acumulado no ano de 2018 - o maior dentre todos o itens investigados pelo IPCA em Salvador. No acumulado de janeiro a março, a cebola já aparece como a grande vilã, com alta de 46,16% na Região Metropolitana de Salvador (RMS).
Apesar do maior aumento nominal, a gasolina e a energia tiveram papéis mais significativos no aumento do custo de vida em Salvador. Enquanto a cebola respondeu por 0,14% do resultado, a gasolina foi responsável por 3,47% e a energia elétrica respondeu por 2,39%. Isso acontece porque, apesar de o reajuste do alimento ter sido maior, o combustível e a eletricidade costumam ter pesos maiores nos orçamentos familiares.
Entre os itens em queda em maio, as principais influências no sentido de conter a inflação da Região Metropolitana vieram do açúcar cristal (-4,20%), das passagens aéreas (-6,90%) e do tomate (-6,64%). No ano, as passagens de avião tiveram queda acumulada de -18,84%, a segunda mais intensa, acima apenas do feijão fradinho (-19,00%).
Nacionalmente, o grupo Alimentação e Bebidas acelerou de um avanço de 0,09% em abril para um aumento de 0,32% em maio. Os itens, que respondem por 25% das despesas das famílias, passaram de uma contribuição de 0,02 ponto percentual para o IPCA de abril para um impacto de 0,08 ponto percentual da inflação.
A alimentação consumida no domicílio subiu 0,36%, enquanto a alimentação fora de casa aumentou 0,26%.
A greve dos caminhoneiros impulsionou os preços de alguns alimentos consumidos in natura, ressaltou Fernando Gonçalves, gerente na Coordenação de Índices de Preços do IBGE. Antes de a greve dos caminhoneiros abater a demanda por viagens, seja a lazer, seja a trabalho, o setor de turismo no Brasil fechou o primeiro quadrimestre de 2018 com geração de 2,762 mil postos de trabalho, mostra estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O destaque foi o desempenho de abril, quando o saldo entre demissões e admissões no setor do turismo ficou positivo em 2,477 mil novos empregos, interrompendo a sequência negativa de fevereiro e março (-3,032 mil no total).
Entre janeiro e abril, o segmento de transporte de passageiros foi o que mais criou vagas formais, com saldo positivo de 3,938 mil postos de trabalho. Para a CNC, o crescimento do emprego reflete a recuperação de alguns segmentos importantes, mas a greve dos caminhoneiros e a escassez de combustíveis podem modificar a tendência em maio.
“As medidas de resolução da crise tomadas pelo governo afetarão o equilíbrio inicial da economia. Isso vai interferir nas decisões de gastos das famílias, deixando-as cautelosas com relação às despesas com turismo”, diz o economista da CNC Antonio Everton, em nota divulgada ontem.
Por outro lado, a alta recente do dólar pode impulsionar o turismo nacional. Desde o início do ano, o dólar se valorizou 10,95% em relação ao real.
Segundo a CNC, o saldo da conta turismo no balanço de pagamentos de janeiro a abril deste ano registrou aumento do déficit (de US$ 2,18 bilhões para US$ 2,49 bilhões) por causa do aumento das despesas dos brasileiros lá fora (de US$ 2,97 bilhões para US$ 4,04 bilhões), enquanto as receitas dos gastos de turistas estrangeiros no Brasil aumentaram somente 6,55% (de US$ 1,60 bilhão para US$ 1, 71 bilhão).