Correio da Bahia

Ser baiano é outro nível

- Naiana Ribeiro

Tem gente achando massa. Outros dizem que tá meio armengado. A terra do dendê está dando o que falar na novela das nove da TV Globo, Segundo Sol. O baianês falado pelos atores, então, está rendendo como quê não só nas redes sociais como nas ruas. Mas, é preciso muito mais do que sotaque, expressões e gírias para interpreta­r um baiano.

A musicalida­de, a vivacidade expressiva e as metáforas são algumas caracterís­ticas do jeito de falar daqui. “Temos uma música, um ritmo mais lento e meio anasalado. As vogais tônicas são abertas: o baiano não fala ‘côração’. Fala ‘córação’”, diz Nivaldo Lariú, autor do Dicionário de Baianês. Ao mesmo tempo, isso pode confundir os atores, porque existem particular­idades: “A gente não fala ‘félicidade’; e sim ‘fêlicidade’”.

Além das especifici­dades linguístic­as, o baiano usa muito o corpo. Captar tudo isso em uma novela é difícil. “Ter baianos no elenco facilita. Mas tem o jeito de falar, a malemolênc­ia, o toque, o bom humor e as falas são acompanhad­as de gestos e de uma certa dança”, ressalta. Fluminense de nascença, o escritor mora em Salvador há mais 20 anos e demorou um tempo até entender essa ‘encenação’: “Ser baiano é para profission­ais”.

O ator baiano Sulivã Bispo, que ficou conhecido pelo canal Frases de Mainha, bate na te- cla: fazer baiano na ficção não é nada fácil. “É difícil interpreta­r um nordestino e não cair no clichê do sertão ou do caricato. A forma como a gente fala conta uma história. Como vivemos num estado majoritari­amente negro - e essa comunidade tem a tradição de cantar e dançar para louvar seus ancestrais trazemos isso no linguajar”, acrescenta.

Por isso, a preparação dos ato-

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Chay Suede (Ícaro) com o ator baiano Danilo Ferreira (Acácio): parece até baiano

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