Correio da Bahia

Coração quase partido

- Fábio Vasconcelo­s

Faz um certo tempo que Kieza vestiu a camisa do Bahia. Só pra refrescar a memória do leitor, o atacante jogou no Esquadrão durante os anos de 2014 e 2015. Há três anos, o K9 foi até artilheiro da Série B pelo tricolor, com 14 gols em 24 partidas. Antes de ser contratado para defender o Vitória no ano seguinte (após passagem rápida pelo São Paulo), onde ficou até o início de 2018, ele era um jogador muito identifica­do com a torcida do Bahia. E ontem mostrou que a temporada no maior rival, apesar de relativame­nte longa, não foi suficiente para sepultar a relação afetiva do atacante de 31 anos com os tricolores.

Kieza deu uma prova do respeito no jogo de ontem à tarde na Fonte Nova, entre Bahia e Botafogo, que terminou 3x3, com dois gols do K9. Após estufar as redes de Douglas, em ambas as situações, o jogador preferiu não comemorar os gols.

Fez um gesto discreto, meio que simulando espécie de oração silenciosa, e manteve-se inerte aos abraços calorosos dos colegas botafoguen­ses.

Apesar da passagem pelo Vitória, os gols pelo Botafogo foram os primeiros que ele fez contra o Bahia desde que saiu do Fazendão com destino ao tricolor paulista, em 2016.

Lá, ele nem chegou a balançar as redes. Jogando pelo Leão, em 2016, 2017 e início de 2018, o atacante registrou 25 gols. Entretanto, nenhum deles em cima do Bahia.

Os dois de ontem também deixaram K9 a apenas um gol de Edigar Junio como maior artilheiro da Arena Fonte Nova. O atual atacante do Bahia tem 24; o ex, 23. “Não comemorei por respeito pela torcida. Fui muito feliz aqui e preferi não comemorar”, explicou, sem pestanejar.

Curioso é que, recentemen­te, no duelo entre Vitória e Botafogo no Engenhão, que terminou em 1x1 no dia 27 de maio, Kieza brocou e comemorou normalment­e.

Fato é que, enquanto a diretoria do Bahia quebra a cabeça em busca de um matador, Kieza fez valer a Lei do Ex e, mesmo com as emoções abaladas, cumpriu seu papel em campo. Porém, não escapou das vaias da torcida tricolor. Afinal, o coração tem razões que a própria razão desconhece.

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