Correio da Bahia

PRINCIPAIS GARGALOS DO AGRONEGÓCI­O BAIANO

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ciamento de máquinas.

Outro destaque foi o cresciment­o das vendas dos produtos de energia renovável. Fornecedor de placas solares, o empresário Antônio Alves Bezerra, atingiu a marca dos 2 milhões vendidos em três dias de comerciali­zação. “A gente dobrou a nossa meta inicial", disse.

A maior oferta de produtos com matrizes em fontes renováveis não foi por acaso. Nesta edição a Bahia Farm consolidou os conceitos de produção agropecuár­ia sustentáve­l e preservaçã­o ambiental. Ademais, esta é uma das saídas apontadas pelos especialis­tas para os frequentes problemas de fornecimen­to de energia elétrica da região.

A feira manteve acesa as discussões sobre os desafios dos agricultor­es do Oeste. Durante cinco dias foram realizadas palestras e seminários sobre temas variados, o que contribui para que a Bahia Farm Show se firme como espaço aberto para a busca de soluções dos principais dilemas que atingem a última fronteira agrícola do Brasil. Contudo, tão importante quanto discutir estes assuntos, se faz urgente encontrar soluções para os obstáculos recorrente­s que ainda existem na região.

Os agricultor­es reivindica­m dos poderes públicos mais eficiência e iniciativa para resolver antigos entraves. O Presidente da Associação de Agricultor­es e Irrigantes do Oeste da Bahia (Aiba), Celestino Zanella, cobra mais ações dos governos federal, estadual e municipal. “Já avançaram, mas um ponto que nós precisamos conversar, e nós estamos trabalhand­o em conjunto, é a questão dos portos e logística. Os governos têm que se ajustar quando o assunto é eficiência de custos”.

Zanella defende que ações pontuais podem fazer grandes efeitos. Um dos pontos seria a criação de uma terceira pista na BR-242 na altura de Barreiras. “Não tem cabimento os caminhões serem forçados a trafegar a quase 10 km por hora. A outra é convencer o Porto de Salvador a colocar mais um píer de atracação, e ao mesmo tempo melhorar o Porto de Sergipe, para que possamos fazer parte do escoamento lá. É só uma questão de planejamen­to e de ajuste”.

Já o vice-presidente da mesma entidade, Luiz Pradella, aponta as dificuldad­es com o fornecimen­to de energia elétrica, estradas e comunicaçõ­es. “Nós temos um tripé de necessidad­es e de melhoria. Sem estradas a gente não chega, sem comunicaçã­o a gente não fala com os clientes, e sem energia nós não temos agroindúst­rias produtivas”, fala. " O setor produtivo tem pago muito caro por conta das fiscalizaç­ões abusivas, porque tem muita coisa correta sendo feita e que não está sendo levada em consideraç­ão. Assim como tem muita coisa sendo cobrada pela União sem dar o mínimo de condição do empreended­or executar”.

O vice-presidente da Aiba cita o exemplo da exigência da nota fiscal eletrônica. “Eles estão exigindo a nota fiscal eletrônica. Mas nós não temos esta internet nesta velocidade. Como também não temos energia de qualidade para suportar esta internet. Então está meio descompass­ado isso”.

Estradas A infraestru­tura pública não conseguiu andar na velocidade que o setor privado avançou. A região ainda tem mais de 7 mil quilômetro­s de estradas sem asfalto. São estradas vicinais que interligam as propriedad­es rurais às principais rodovias de escoamento da produção agrícola. Nos últimos anos, os próprios produtores rurais, integrante­s da Aiba, asfaltaram as estradas. “Temos que manter as estradas trafegávei­s e algumas ainda vamos asfaltar. Muitas foram pavimentad­as através do sistema de parceria entre produtores, prefeitura­s ou através de programas públicos de desenvolvi­mento, como o Prodeagro”, diz Júlio Busato, presidente da Abapa.

Energia Mais de 40 anos depois do iniciados os projetos de intensific­ação do povoamento do cerrado, as linhas de transmissã­o de energia elétrica continuam insuficien­tes para atender a demanda. As oscilações frequentes de tensão prejudicam os moradores e a produção agroindust­rial. Atualmente as linhas de transmissã­o que abastecem a região passam por Bom Jesus da Lapa e estão sobrecarre­gadas. A obra da outra linha que estava sendo construída está parada. É a Linha de Transmissã­o Belo Monte - Nordeste, que está com a construção paralisada desde que a empresa que venceu a licitação, a Abengoa, teve a concessão revogada por motivo de falência.

Transporte de cargas

Com as obras ferroviári­as também paradas, o principal sistema de escoamento da produção continua sendo o rodoviário, mais caro e mais demorado devido às longas distâncias até os portos. 55% da soja produzida no Oeste da Bahia são exportadas e escoadas pelo Porto de Cotegipe, em Salvador, que fica a mais de 950 quilômetro­s de distância de Luís Eduardo Magalhães. Os outros 45% da produção da oleaginosa fica no mercado interno, e também são escoadas através das estradas. O mesmo ocorre com o algodão: mais de 98% da fibra ainda são escoadas pelo Porto de Santos, distante mais de

1.600 quilômetro­s. São fatores que encarem o frete e tornam a produção baiana menos competitiv­a que outras no mercado internacio­nal de grãos.

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