Projeto ensina Português e cultura brasileira
Há três semestres, refugiados que vivem em Salvador podem ter aulas gratuitas sobre Português e cultura brasileira. O projeto de extensão O Refúgio em Salvador é uma iniciativa da Unifacs e já atendeu cerca de 40 pessoas de países como a Venezuela, Síria, Togo, Senegal e Sudão.
“O próprio Acnur (Alto Comissariado da ONU para Refugiados) coloca que uma das primeiras barreiras para eles é a do idioma e da cultura. Então, transformamos isso em um curso de linguagem do cotidiano, com foco em empoderamento da fala, para que a pessoa possa se deslocar na cidade”, explica a professora Rafaela Ludolf, coordenadora do Núcleo de Práticas em Economia e Relações Internacionais da Unifacs e coordenadora do projeto.
Com o andamento do projeto, começaram a surgir outras demandas que iam desde tirar o CPF a fazer a própria solicitação de refúgio. “Quando eu comecei, pensava que não tinha refugiado em Salvador. Quando comecei a buscar, fui me deparando com um universo de pessoas que está completamente à margem e você não sabe que elas existem”, diz Rafaela.
Mais do que o ensino da língua, o projeto tem ajudado até os participantes a criar laços afetivos na cidade. Para ela, os casos de violência contra venezuelanos no Brasil não significam, necessariamente, xenofobia. “Roraima já é um estado que está afastado de estruturas logísticas. Um estado esquecido, e a entrada dos venezuelanos fez ecoar uma série de problemas internos, e a ausência do governo federal acaba transformando em um formato de xenofobia. Você acaba pegando o venezuelano como bode expiatório”, reflete a professora.