Meteorito já foi colocado em fogueira
A imagem do meteorito do Bendegó no meio do que restou do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, correu o mundo ontem, após o incêndio do dia anterior. Sem brilho, sobre o pedestal de cerâmica, ele expressava o tamanho da tragédia. Mas, depois do “teste de fogo” da entrada na atmosfera terrestre, essa é a segunda vez que a peça sobrevive ao fogo em terra firme. Quando foi descoberto, em 1774, na tentativa de derreter o material, pesquisadores fizeram uma fogueira e queimaram o meteorito por dois dias.
A geóloga, professora e pesquisadora da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Débora Rios contou que logo após a descoberta, o governo ficou interessado no caso porque havia a esperança de que existisse uma mina de ferro no local, mas quando foi descartada essa possibilidade, Portugal perdeu o interesse no assunto.
“Uma das primeiras missões que foram ao sertão fez uma fogueira para tentar tirar uma amostra do material. Foram dois dias tentando derreter o meteorito, só que o material é muito resistente, são 93% de ferro e 7% de níquel. É o mesmo encontrado no centro de alguns planetas, como a Terra, por exemplo”, explicou ao CORREIO.
A peça permaneceu na cidade de Monte Santo até 1887, quando finalmente foi transferida para o Museu Nacional, onde está até hoje. Nas décadas seguintes após a transferência, pequenas amostras foram retiradas para estudo e a peça continuou sendo alvo de interesse de pesquisadores.
A professora Débora Rios lamentou o incidente e lembrou que os outros sete meteoritos encontrados na história da Bahia também faziam parte do acervo que queimou. Quando o meteorito do Bendegó foi descoberto, era o maior do mundo. Atualmente, é o 16º. Existem apenas 12 do modelo dele no planeta e a peça continua sendo a maior do Brasil. “Mesmo não sendo destruído pelas chamas, há um estrago porque o fogo modifica a estrutura da peça”, conta.