Melanina Acentuada Peças de autores negros estão em festival que começa sexta-feira e vai até o dia 23
exemplo e limitar o tempo de uso do celular, devem incentivar seus filhos a fazerem outras coisas. Tem muito na vida a se fazer.
No livro Da Leveza: Rumo à Civilização do Ligeiro, o senhor aborda o culto contemporâneo à felicidade. De onde vem a leveza postada nas redes sociais?
No livro, eu trato do paradoxo de nossa época: nossa civilização valoriza, de todas as formas, a leveza. A leveza técnica, os smartphones, os tablets... Somos a civilização do consumo, do divertimento, do turismo, das férias, da televisão, dos jogos virtuais. Sim, tudo isso é leve, mas, ao mesmo tempo, quanto mais a civilização se apresenta como leve, mais a vida das pessoas não é. Os homens criaram uma situação de insegurança existencial e psicológica completa e aí está o problema. Vivemos uma espécie de contradição entre o que é mostrado e o que as pessoas realmente vivem. Claro, é essa contradição que encontramos nas redes sociais. A leveza, em grande parte, é mitológica, não é sentida de fato pelas pessoas. Acho que temos que enfrentar essa contradição e isso é muito difícil. Não é uma mudança de governo que poderá resolver essa questão, já que a mesma é inerente à civilização. Para a felicidade ninguém tem solução.
O que explica, em sua opinião, o crescimento da extrema direita no Ocidente?
A explicação para esse crescimento não é somente econômica, pois existem partidos de extrema direita que crescem em países onde não há significativa crise econômica. Acredito que esse crescimento deve-se à insegurança psicológica e existencial à qual já me referi. Estamos vivendo numa sociedade da insegurança e ela não nos leva apenas à violência. As pessoas se sentem sem proteção mesmo quando não há violência, e isso é novo. As pessoas estão perdidas, nós estamos perdidos. E isto não está apenas ligado à vida política, é o conjunto de tudo que coloca as pessoas nesse estado de insegurança. E quem são os responsáveis? As elites políticas e intelectuais, as mídias. Acredito que estamos vivendo uma crise de civilização ligada à ansiedade, à insegurança pessoal que tem origem na globalização, no individualismo e na crise política.