Marrom do Brasil
É reafirmando seu lugar no samba e toda a trajetória construída ao longo de 45 anos de carreira que a cantora Alcione chega neste fim de semana a Salvador com o show Eu Sou a Marrom. Da última vez que esteve na Concha Acústica, há um ano, a maranhense lotou o espaço, que comporta cerca de cinco mil pessoas.
Agora, ela volta disposta a repetir o feito. “Amo Salvador e a Bahia. E tenho a honra de ostentar o título de Cidadã Soteropolitana, doado por essa gente amorosa, generosa, acolhedora”, comenta. O carinho pela cidade é tão grande que, recentemente, a cantora gravou uma nova versão de O Mais Belo dos Belos, grande clássico do Ilê Aiyê, para a trilha da novela Segundo Sol.
“Por sorte, em meu show, atualmente, tenho algumas canções que remetem ao universo baiano, como a música que estou interpretando na trilha da novela”, comemora. Essas canções dividem o roteiro com clássicos da artista como Estranha Loucura, Você me Vira a Cabeça e Meu Ébano, além de pot-pourri de sambas da Mangueira.
Além da série de shows, o projeto multimídia Eu Sou A Marrom inclui ainda a gravação de um DVD e de um documentário, além de um musical sobre a vida e carreira da artista, que completou 70 anos em 2017, e uma biografia, que está sendo escrita pela jornalista Diana Aragão.
Para Alcione, os “70 são os novos 40”. Prova disso é o envolvimento em tantos projetos que têm renovado sua carreira. E ela já tem planos para o ano que vem. Vai desfilar como Dandara, pela Mangueira, no Carnaval 2019.
“Nunca pensei que pudesse ultrapassar a marca de quatro décadas de maneira tão gratificante. Adoro cantar, é o meu ofício... e ainda sou paga pra isso. Mas jamais imaginei que chegaria a um momento tão emblemático: reconhecida pelos fãs, e contando com o aplauso de um público tão fiel e imenso”, diz.
Mas, além de manter fãs há mais de 40 anos, ela também tem conquistado jovens de menos de 30, que aprenderam a cantar seus sucessos com as gerações anteriores. “Isso é uma realidade que tenho constatado em meus shows, por todas as partes do país. Existem muitos jovens interessados não apenas no trabalho de Alcione mas, também, em conhecer as obras dos grandes baluartes de nossa música”, considera.
E ela também tem estado de olho no que as gerações mais novas de músicos do Brasil têm produzido. Uma delas, a cantora Iza, a deixa perplexa. “Sempre comentei sobre os ‘meus filhos’ Mart`nália e Diogo Nogueira, e tantos outros jovens talentosos. Mas, agora, surgiu esta moça, a Iza. É incrível, canta muito e, ainda por cima, é linda. Foi uma grata revelação da música brasileira, nesses últimos tempos. Mas o país é um celeiro inesgotável de talentos...”.
E tem se renovado na interação com as redes sociais. Recentemente, por exemplo, um vídeo em que Alcione aparece cantando e dançando com a ministra Carmen Lúcia, do STF, viralizou. Alcione explica que o vídeo foi gravado num evento em que ambas participaram sobre visibilidade feminina.
“A intenção, no seminário, era propor caminhos para auxiliar mulheres, a todas elas, em suas lutas diárias. E foi um encontro ocorrido em hora muita propícia porque, infelizmente, o número de feminicídios e agressões às mulheres está aumentando de forma assustadora”, posiciona-se.