Correio da Bahia

‘Ele não merecia o que fizeram’, lamentou amiga

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te de Policia Militar (CIPM/Cosme de Farias). Era por volta de 23h de quarta-feira (19). Testemunha­s contaram que o empresário se assustou e saiu com o carro, mas foi perseguido e baleado pelos militares.

“Eles chegaram armados dizendo: ‘Desce, desce’. Mas acho que Márcio não viu que eles eram policiais e tentou escapar. Os caras começaram a atirar e um tiro atingiu a nuca dele”, disse uma mulher, amiga da vítima.

A SSP-BA informou que dois policiais militares foram afastados das atividades após o crime, mas não explicou o que os PMs da 58ª CIPM (Cosme de Farias) estavam fazendo do outro lado da cidade, em Armação. Vídeos registrado­s por testemunha­s após Márcio ser baleado mostram, pelo menos, seis policiais envolvidos na ocorrência.

O Departamen­to de Polícia Técnica (DPT) informou que o carro da vítima foi periciado logo após o crime e que o laudo tem prazo de 15 dias para ser concluído. Esse tempo, porém, pode ser prorrogado.

O corpo do empresário foi velado, no final da manhã de ontem, na capela do Hospital Espanhol, na Barra. Apesar da unidade médica estar fechada, a família de Márcio, que é de ascendênci­a espanhola, conseguiu autorizaçã­o para velar o corpo no local antes de ser transporta­do para o aeroporto, o que ocorreria ainda na tarde de ontem.

Após o velório, o corpo seguiria para a Espanha, onde vivem os pais do empresário. Lá, será sepultado.

Amigos e parentes chegaram à capela do Hospital Espanhol por volta das 11h30. “Ele planejava ir morar na Espanha, com os pais, mas vivia no Brasil por amor às filhas. Ele doou a vida para as filhas, e eles [policiais] tiraram”, declarou a comerciant­e Cláudia Oliveira, 31, amiga da vítima.

A mãe dele chegou em Salvador às 8h30 de ontem, para tratar do traslado do corpo. O pai de Márcio ficou na Espanha por questões de saúde.

Em relação à circunstân­cia da morte do empresário, amigos e parentes preferiram não falar sobre o assunto. “A família está tomando ciência dos detalhes agora e aguarda a investigaç­ão”, pontuou Roberto Presa, 48, marido de Cláudia e amigo de infância de Márcio.

Um Inquérito Policial Militar (IPM) vai ser instaurado para apurar a situação. Imagens gravadas por testemunha­s, logo após o carro parar no canteiro central, mostram ao menos seis PMs fardados levando Márcio do carro dele até uma viatura.

O CORREIO teve acesso a imagens que mostram os PMs retirando o empresário do carro, tentando reanimá-lo e levando-o para o posto de saúde do Marback.

A SSP-BA disse que determinou que o Departamen­to de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) apure a morte de Márcio, em conjunto com a Corregedor­ia da Polícia Militar. “Vamos investigar com celeridade e esclarecer como o fato ocorreu”, afirmou o secretário da Segurança Pública, Maurício Teles Barbosa. Filho único e torcedor do Real Madrid, Márcio Perez Santana, 41 anos, adorava jogar futebol. “Jogávamos no mesmo time do Clube Espanhol, em Salvador”, declarou Roberto Presa, 48, amigo de infância de Márcio.

“Ele adorava futebol e a família. As paixões dele. Era um cara que a gente podia contar pra tudo, sempre brincalhão, não era homem de discórdia, violência”, completou Roberto.

Ele falou da última vez que esteve com Márcio. “Foi no domingo. Jogamos bola no Espanhol e depois fomos lá pra casa e bebemos cerveja”, recordou Roberto.

“Ela era uma pessoa de nossa casa, fazia parte de nossas vidas. Não merecia o que fizeram com ele. A justiça será feita”, emendou Cláudia, mulher de Roberto.

Colega de Márcio desde a universida­de, o economista João Fortes, 43, estava bastante abalado e foi um dos presentes na cerimônia íntima. “Ele era um ótimo amigo, um ótimo pai, não fazia mal sequer a uma mosca. Conheço ele há 25 anos. Cursamos juntos Economia na Universida­de Católica”, contou.

Márcio era formado em Economia e sócio de uma empresa que presta consultori­a a uma operadora de telefonia. Ele tinha duas filhas - uma completou 9 anos no dia 18 e, por isso, uma festa de aniversári­o estava programada para amanhã.

De acordo com vizinhos, o empresário morava no mesmo lugar - o 2º andar de uma casa na Rua Gaspar da Silva Cunha - há 40 anos. Uma vizinha disse que ouviu os tiros pouco depois das 23h.

Em relação à mulher que estava no banco de carona do carro, os vizinhos disseram que não a conheciam. “O parente mais próximo é um primo que morava aqui em Salvador”, falou uma moradora.

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