Correio da Bahia

Maior zona eleitoral, Cajazeiras é ponto de encontro

- THAIS BORGES

Antes mesmo que os portões abrissem, a cuidadora de idosos Delza Pereira, 61, já estava animada. O primeiro turno das eleições pode até significar a tal “festa da democracia”, mas, para Delza, também é o dia de sair da rotina.

“Eu estou operada, mas não deixo de vir. Gosto da multidão, gosto de ver gente que a gente não vê há muito tempo”, dizia, enquanto esperava a filha concluir a votação no Colégio Estadual Edvaldo Brandão, em Cajazeiras IV, um dos bairros que compõem a Zona 8 de Salvador: essa, segundo o TSE, é a zona com o maior número de eleitores na capital.

São mais de 141 mil divididos entre Cajazeiras, Cajazeiras IV, Cajazeiras V, Cajazeiras VI, Cajazeiras VII, Cajazeiras VIII, Cajazeiras X, Cajazeiras XI, Palestina, Valéria e Águas Claras. Se, para muita gente, isso pode significar só uma lista de bairros, para dona Delza representa a chance de encontrar muitos rostos conhecidos.

“Cara feia, cara bonita, amigos, vizinhos... Todo mundo”, explica ela, que foi a terceira a votar em sua seção. Ela ainda foi a responsáve­l por convencer a filha, a atendente do SAC Débora Pereira, 21, a votar. Débora estava votando pela primeira vez e não estava animada para comparecer às urnas.

A jovem explicou os motivos: não gosta da polarizaçã­o que o país está vivendo. “O povo está muito dividido, mas minha mãe me convenceu. Eu demorei até para tirar o título, só vim votar pela primeira vez agora mesmo”.

Nas primeiras horas da manhã, as filas que chamaram atenção ao longo do dia não tinham chegado a Cajazeiras. A mesária Franciely Andrade, 18, estava até surpresa. Em sua seção, no Colégio Estadual Edvaldo Brandão, até as 9h, não havia fila. “É uma zona bem cheia, mas até agora não teve problema nenhum”, contou.

O servente Jaime Santos, 38, também estranhou. Achou o movimento “fraco”, se comparado às últimas eleições. “Lá em cima era um barulho, muita gente, cheio de coisa. Este ano, não”.

A vigilante Cristiane Nascimento, 33, tinha uma teoria: acreditava ser possível, às 10h,que boa parte dos moradores do bairro ainda estivesse de ressaca. “Teve um partido aqui, ontem à noite, uma banda no estacionam­ento, aí terminou tarde”, explicou. À frente da barraca de lanches do pai, ela briu a mala do carro e colocou um pagode para tocar. Logo, os vizinhos chegariam para a cervejinha.

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil