Correio da Bahia

Um toque para se ligar e evitar o pior

- Alexandre Lyrio, Fernanda Varela e João Gabriel Galdea

Quando se busca ajuda, é comum se pedir uma mãozinha. Mas nem precisa de uma mão inteira para conseguir auxílio na detecção do tipo de doença que mais mata os baianos: o câncer de próstata, responsáve­l por três óbitos por dia no estado. Nesse caso, é necessário apenas um dedo e o mínimo instinto de sobrevivên­cia para frear o avanço da neoplasia maligna no órgão reprodutor masculino, que vitimou 14,4% a mais num intervalo de sete anos e registra acréscimo de 8% no número de internaçõe­s na Bahia, entre 2016 e 2017.

São tantas mortes que não dá pra contar nos dedos, como mostram os dados obtidos junto à Secretaria da Saúde do Estado (Sesab). Em todo o ano passado, 1.254 baianos perderam a guerra para a doença. Em 2018, até o último dia 5, já tinham sido contabiliz­ados 895 óbitos, muitos dos casos certamente evitáveis, não fosse o tabu que envolve um simples exame que não dói e dura, no máximo, sete segundos: o toque retal.

E se muita gente não gosta de botar o dedo na ferida, no Novembro Azul, mês em que se lembra da importânci­a do exame precoce, precisamos falar sobre essas dedadas que salvam vidas. “É importante explicar que a campanha não é de prevenção, porque não existe isso para câncer de próstata. A campanha é a necessidad­e de fazer o diagnóstic­o precoce, porque, com isso, temos mais de 90% de chance de cura”, explica o urologista Wagner Coêlho Porto, ex-vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).

Ele explica que, na verdade, antes do exame físico, há ainda duas etapas a ser cumpridas por todo homem a partir dos 50 anos - em alguns casos, citados ao lado, a partir dos 45 anos: a consulta urológica, que inclui a conversa com o médico, e depois o exame de PSA, com análise sanguínea.

O cumpriment­o de somente duas das três etapas levou o operador de máquinas aposentado Carlos Oliveira, 67 anos, a só descobrir a doença quando ela já estava instalada. O primeiro exame de toque ele só fez há três anos, após mais de dez anos achando que bastava o exame de sangue. “Só fazia o PSA. Fui fazer o de toque há três anos, porque o médico já sentiu que tinha alguma coisa”, comentou o morador de Simões Filho, que operou a próstata há três meses no Hospital Santo Antônio, em Salvador.

Mas, seu Carlos, por que o senhor não fazia o exame de toque? Enxergava algum problema na situação? “Não. Eu não tenho nenhum tipo de preconceit­o. Se for pra descobrir algo que faz bem pra gente, eu acho que não tem problema”, destacou o aposentado, que faz fisioterap­ia em casa, na cidade de Simões Filho.

Enquanto seu Carlos, por ser um caso menos grave, se trata na própria residência, a internação é compulsóri­a para muitos pacientes com a doença,

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