Um toque para se ligar e evitar o pior
Quando se busca ajuda, é comum se pedir uma mãozinha. Mas nem precisa de uma mão inteira para conseguir auxílio na detecção do tipo de doença que mais mata os baianos: o câncer de próstata, responsável por três óbitos por dia no estado. Nesse caso, é necessário apenas um dedo e o mínimo instinto de sobrevivência para frear o avanço da neoplasia maligna no órgão reprodutor masculino, que vitimou 14,4% a mais num intervalo de sete anos e registra acréscimo de 8% no número de internações na Bahia, entre 2016 e 2017.
São tantas mortes que não dá pra contar nos dedos, como mostram os dados obtidos junto à Secretaria da Saúde do Estado (Sesab). Em todo o ano passado, 1.254 baianos perderam a guerra para a doença. Em 2018, até o último dia 5, já tinham sido contabilizados 895 óbitos, muitos dos casos certamente evitáveis, não fosse o tabu que envolve um simples exame que não dói e dura, no máximo, sete segundos: o toque retal.
E se muita gente não gosta de botar o dedo na ferida, no Novembro Azul, mês em que se lembra da importância do exame precoce, precisamos falar sobre essas dedadas que salvam vidas. “É importante explicar que a campanha não é de prevenção, porque não existe isso para câncer de próstata. A campanha é a necessidade de fazer o diagnóstico precoce, porque, com isso, temos mais de 90% de chance de cura”, explica o urologista Wagner Coêlho Porto, ex-vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
Ele explica que, na verdade, antes do exame físico, há ainda duas etapas a ser cumpridas por todo homem a partir dos 50 anos - em alguns casos, citados ao lado, a partir dos 45 anos: a consulta urológica, que inclui a conversa com o médico, e depois o exame de PSA, com análise sanguínea.
O cumprimento de somente duas das três etapas levou o operador de máquinas aposentado Carlos Oliveira, 67 anos, a só descobrir a doença quando ela já estava instalada. O primeiro exame de toque ele só fez há três anos, após mais de dez anos achando que bastava o exame de sangue. “Só fazia o PSA. Fui fazer o de toque há três anos, porque o médico já sentiu que tinha alguma coisa”, comentou o morador de Simões Filho, que operou a próstata há três meses no Hospital Santo Antônio, em Salvador.
Mas, seu Carlos, por que o senhor não fazia o exame de toque? Enxergava algum problema na situação? “Não. Eu não tenho nenhum tipo de preconceito. Se for pra descobrir algo que faz bem pra gente, eu acho que não tem problema”, destacou o aposentado, que faz fisioterapia em casa, na cidade de Simões Filho.
Enquanto seu Carlos, por ser um caso menos grave, se trata na própria residência, a internação é compulsória para muitos pacientes com a doença,