Correio da Bahia

Negros têm mais riscos de ter câncer

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Por algum motivo que a ciência ainda não explica, a incidência do câncer de próstata entre homens negros é bem maior em comparação com as demais etnias. Segundo o urologista Nilo Jorge Leão, essa constataçã­o requer maior atenção à doença na cidade. “A gente sabe que Salvador tem a maior população negra fora da África, e o câncer nesse grupo costuma ser mais agressivo. Ou seja, são cânceres que matam mais”, destaca o médico, que coordena o Núcleo de Uro-oncologia das Obras Sociais Irmã Dulce.

“Lá (nas Osid), a gente observa muitos pacientes negros chegando com cânceres em estado mais avançado. Às vezes com metástase. Então, é importante lembrar que essa população deve procurar um urologista a partir dos 45 anos”, afirma.

Quanto à explicação para essa incidência ser mais alta entre os negros, é escassa para a literatura médica que trata do tema, mas para o urologista Bruno Falcão Santos, uma pista pode estar na genética. “O que a gente tem hoje em trabalhos é relacionan­do essa situação a uma questão genética, de alteração de alguns genes relacionad­os ao câncer”, diz.

Exemplos da diferença de incidência, no entanto, são diversos, como no livro ‘Oncologia, bases clínicas do tratamento’, de C.H. Barrios. A obra conta que a taxa da doença entre os negros nos EUA, na década de 1990, era de 79 casos para cada 100 mil homens, enquanto que, no Japão, a taxa não passava de 4 homens a cada 100 mil diagnostic­ados com a neoplasia.

De acordo com o IBGE, na Bahia, os homens negros (pretos e pardos) eram 39% da população total em 2017. Entre os homens, 80,5% eram negros, no estado. Em Salvador, os homens negros também eram 39% da população total e 84% da população masculina. No Brasil, os homens negros eram 27,2% do total da população e 56,3% da população masculina. Não, até porque não é um exame fácil de se fazer. Da forma que é feito é complicado para fazer sozinho. A SBU preconiza que deva ser feito em todos os homens com 50 anos ou mais. Pacientes que tenham fatores de risco, como a população da raça negra, e pacientes que tenham histórias na família - parentes de 1º ou 2º grau - devem passar a fazer a partir de 45 anos. Não. O exame de toque não tem contraindi­cações ou complicaçõ­es. Não vai deixar infértil, não vai deixar ‘menos homem’, ou ‘brocha’. Não. Não tem relatos. Se a pessoa tem o desejo, não vai ser esse exame que, como dizem, vai tirá-lo do armário. É uma coisa muito rápida e não chega a prazer. Antigament­e se exigia a massagem prostática em algumas patologias, que era um exame mais prolongado, mas nesse caso não dá pra sentir nem dor, nem prazer.

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