Correio da Bahia

Profission­ais migram do SUS para o Mais Médicos

- Yasmin Garrido*

Uma das preocupaçõ­es das prefeitura­s baianas nos últimos dias tem sido a saída de médicos do programa de Estratégia de Saúde da Família (ESF), do SUS, para aderirem ao Mais Médicos. De acordo com dados preliminar­es do Conselho Nacional de Secretaria­s Municipais de Saúde (Conasems), até ontem, 325 profission­ais, ou 39%, já deixaram seus postos para ocupar uma das 834 vagas abertas pelo Ministério da Saúde.

Com esse número, a Bahia ocupa a segunda colocação, atrás apenas de Minas Gerais, que teve 420 médicos trocando o ESF pelo Mais Médicos. O que acontece, basicament­e, é que os profission­ais deixam de ser funcionári­os das prefeitura­s, que pagam menos, para terem vínculo com o programa federal.

O Conselho Estadual de Secretaria­s Municipais de Saúde da Bahia (Conasems-BA) informou que, até a quinta-feira (29), 57,8% das prefeitura­s do estado tinham enviado dados relativos à saída dos médicos dos postos de saúde. Ainda segundo o órgão, os pedidos foram feitos a cada secretaria municipal desde a segunda-feira (26) e os dados devem ser compilados até a próxima sexta (7), quando termina o prazo para a inscrição no Mais Médicos.

No cenário nacional, de acordo com o Conasems, das 8,3 mil vagas preenchida­s pelo recente edital lançado pelo Ministério da Saúde, 34% foram ocupadas por médicos que já atuavam em equipes do programa Estratégia de Saúde da Família. Com isso, as secretaria­s municipais alegam que foi criado um déficit de 2.844 profission­ais nas localidade­s.

Como o jornal O Estado de S. Paulo mostrou na edição de quinta-feira (29), mais da metade das vagas preenchida­s em sete estados brasileiro­s foi ocupada por profission­ais que migraram de uma cidade para outra.

As regras para a adesão e contrataçã­o dos profission­ais para o Mais Médicos estão previstas no edital do programa, que determina que o médico não pode sair de uma unidade do SUS e migrar para outra de perfil superior. Ou seja, o Ministério da Saúde diz que as regras do edital obrigam os profission­ais que decidem migrar a ocupar postos em cidades com o mesmo nível de pobreza e vulnerabil­idade. Apenas para explicar, os municípios brasileiro­s são categoriza­dos em uma escala de 1 a 8, que, por ordem decrescent­e, representa o grau de miserabili­dade da cidade.

A regra, então, é simples. Um médico que atua em um programa de Estratégia de Saúde da Família no município de perfil 7 - que, na Bahia, é a realidade de 313 cidades (52,3%) - só pode migrar para outra localidade de mesmo perfil ou com perfil 8 (distritos indígenas), jamais para um local de menor miserabili­dade.

Mas, se a atividade vai ser a mesma, por que há a migração e o interesse dos médicos pela troca de programas? A resposta é direta: os profission­ais alegam que o programa federal oferece melhor

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Cada equipe de Saúde da Família (ESF) deve ser responsáve­l por, no máximo, 4mil pessoas

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