País já saiu da UTI, afirma economista
lhor resultado neste ano, assim como o desempenho dos investimentos.
Já pelo lado da oferta, a agropecuária registrou crescimento de 0,7%, ao passo em que a indústria teve alta de 0,4% neste terceiro trimestre. Entre as atividades industriais, houve alta de 0,8% nas indústrias de transformação. Tanto as extrativas quanto a construção registraram variação positiva de 0,7%.
A única variação negativa ficou com eletricidade e gás, com recuo de 1,1%. Na comparação com o trimestre anterior, o resultado da indústria é a primeira expansão do ano.
O comércio, com expansão de 1,1% frente ao trimestre imediatamente anterior, teve a maior alta desde o segundo trimestre de 2017, quando havia crescido 1,6%, assim como os serviços. “A alta neste indicador está atrelada à melhora no consumo das famílias”, indicou a coordenadora de Contas Trimestrais do IBGE. A economia brasileira voltou a crescer no terceiro trimestre deste ano, mas os analistas econômicos fazem a ressalva: a base de comparação é baixa, já que o desempenho do trimestre anterior foi muito prejudicado pela greve dos caminhoneiros em maio passado.
“É um cenário em que o paciente já saiu da UTI e agora inspira menos cuidados”, resumiu o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. O resultado anunciado ontem pelo IBGE não foi suficiente para mudar as projeções para a economia este ano e no ano que vem.
Segundo pesquisa feita pelo Projeções Broadcast, a estimativa ainda é de alta de 1,3% neste ano e de 2,5% em 2019. Os mais otimistas até apostam em avanço acima de 3% do ano que vem. Mas a ressalva é que isso depende da aprovação de reformas logo no início do governo Jair Bolsonaro.
“O cenário ainda é de cautela. O crescimento deve ser certamente melhor do que este ano, mas há dois riscos presentes ano que vem, não triviais”, afirmou Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, citando o cenário externo e a Previdência Social.
Para o economista José Luís Oreiro, professor da Universidade de Brasília (UnB), a reforma da Previdência e seu resultado sobre as contas públicas são o fator mais importante. “O crescimento pode ser um pouco maior em 2019, mas vai depender muito dos três primeiros meses de governo”, disse.
Estruturalmente, sem as reformas, o PIB manteria taxas de crescimento medíocres. Seria uma média de 0,5% ao ano, no período entre 2020 e 2031, com possíveis períodos de recessão, conforme cenários calculados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Com as reformas, a taxa média de crescimento subiria a 2,2% ao ano. “A prioridade maior, sem dúvida nenhuma, é uma reforma da Previdência que, de fato, consiga conter o crescimento dos gastos públicos”, disse José Ronaldo de Castro Souza Júnior, diretor do Ipea.