Correio da Bahia

Especialis­ta troca experiênci­a com pecuarista­s baianos

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Estima-se que a procura pela carne gourmet cresceu 112% nos últimos 5 anos no Brasil. No mesmo período o mercado de carne comum decresceu 2%. Mas, os criadores de bovinos da Bahia ainda não possuem nenhum núcleo de produção de carnes especiais voltados para atender este nicho de mercado e os principais criadores de gado de corte do estado, estão se organizand­o para atender o promissor mercado de carnes com cortes especiais.

No último fim de semana, durante a Fenagro, os pecuarista­s baianos criaram um Núcleo de Qualidade da Carne. O objetivo é produzir, já a partir do próximo ano, cortes especiais direcionad­os para boutiques gourmets de carne bovina.

“Por enquanto só realizamos a venda tradiciona­l para frigorífic­os, pela arroba mesmo, independen­te do corte, e sem marca. Estamos aprimorand­o a genética, a nutrição, a sanidade e a sustentabi­lidade do sistema para aumentar o rebanho de qualidade e fornecer cortes especiais. Estamos buscando produtores dispostos a fazer isso para atender este mercado”, diz Luiz Sande, diretor executivo da ABCN, Associação Baiana de Criadores de Nelore.

Os cortes especiais de bovinos não vão demorar para chegar ao mercado. “No último domingo, durante a feira agropecuár­ia, fizemos uma degustação dos primeiros cortes. Ano que vem, já queremos estar no mercado com a nossa própria marca”, garante Sande. O mercado de cortes especiais é uma tendência em todo o Brasil. Os pioneiros foram os pecuarista­s ligados a Celeiro Carnes Especiais do Mato Grosso. A empresa reúne 60 pequenos e médios pecuarista­s, que mantêm produção mensal de 2 a 3 mil cabeças de gado por mês.

Há 13 anos eles criaram um portfólio com 32 cortes diferencia­dos de bovinos, de carpaccio a linguiças artesanais. Atualmente fornecem para quatro estados e viraram referência nacional no mercado gourmet.

No último fim de semana, de passagem pela Bahia, durante a Fenagro, Cristiane Rabaioli, diretora-executiva da Celeiro, falou sobre as perspectiv­as de mercado para os pecuarista­s baianos que pensam em entrar neste seleto segmento de carnes.

A produtora rural defende que a implantaçã­o de um negócio deste tipo envolve a ligação de todos os elos da cadeia produtiva. “É preciso unir todos os setores, o produtor rural, o varejo, a indústria, os pontos de venda e até uma pesquisa de mercado com o consumidor. Todos precisam estar conectados”, explica Cristiane Rabaioli.

Ela pontua que novos investimen­tos tão são necessário­s. “O pecuarista precisa fazer um investimen­to no gado e na genética. Depois tem todo um diferencia­l na embalagem e na segurança alimentar, que são uma garantia para o consumidor”, acrescenta.

Ainda para a especialis­ta, o consumidor de cortes gourmet é mais exigente e busca muito mais que uma simples carne. “O consumidor busca sabor e maciez. Por isso, muito mais que entregar uma carne, o pecuarista tem que oferecer uma experiênci­a para o consumidor, e isso envolve não apenas a carne, mas a questão do ambiente em que ela é produzida", fala. "Só assim o consumidor vai estar disposto a pagar um pouco mais pelo produto”, conclui.

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Cristiane Rabaioli fez palestra na Fenagro durante o final de semana

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