JORNAL CORREIO*
Durante séculos, o Correio foi a fonte mais fidedigna para difundir notícias no mundo, e na Bahia não foi diferente: as cartas chegavam de mula, ou através dos barcos que faziam a travessia do Atlântico. A outra fonte era a boataria dos marítimos, esses relativamente bem informados, embora analfabetos na sua maioria; aquela história de quem conta um conto aumenta um ponto não era fonte tão fidedigna assim.
Os jornais como propagadores de notícias substituíram o Correio, mas não na sua essência. Os primeiros jornais destacavam as cartas dos leitores mais esclarecidos, algumas mediante pagamento do espaço; o Correio Mercantil, que aqui circulou entre 1833 e 1856, foi o melhor exemplo dessa prática. Tamanha era a sinergia entre o serviço postal e o jornal que um dos primeiros jornais do mundo a circular com regularidade foi o Daily Post e, aqui no Brasil, o Correio Braziliense, de Hipólito da Costa, editado em Londres. Lembrando que Napoleão propagou a sua cruzada imperialista através do Courrier de L’armée d’Italie e do Courrier d’ Egypte.
Sabemos que o entregador de jornais aos assinantes era chamado na Bahia de postilhão, que também foi a denominação dos entregadores de cartas quando o serviço postal foi organizado entre nós. O que fortaleceu os jornais e o diferenciou em relação ao Correio foi o tempo da notícia, a sua difusão em escala e a possibilidade de propagar opinião.
Na Bahia, tivemos dezenas de jornais com a denominação de Correio, quatro com o título específico de Correio da Bahia. O primeiro deles circulou em 1824, redigido por Inocêncio da Rocha Galvão, que exilou-se nos Estados Unidos, acusado de fazer parte da conspiração que resultou no assassinato do coronel Felisberto Gomes Caldeira. Segundo Braz do Amaral foi na sua residência que se planejou o ataque ao herói da Independência. Em 1837, o líder da Sabinada, Sabino Rocha, o homenageou nomeando-o simbolicamente Presidente da Província.
O segundo Correio da Bahia, menos panfletário, era um jornal do partido Conservador, porém noticioso e com o propósito de ser, como de fato foi, um representante da chamada grande imprensa. Surge em 1871 para fazer frente ao Diário da Bahia, órgão liberal. Contava entre seus redatores com Aristides Milton, célebre autor das Efemérides Cachoeiranas; Arthur Rios, senador da República no Governo Campos Salles; Eunápio Deiró, brilhante advogado, crítico literário do Jornal do Commercio (foi o defensor do rapaz que tentou matar Dom Pedro II em 1889); e Inocêncio Marques de Araújo Góes Junior, futuro presidente da Província de Pernambuco.
O terceiro Correio da Bahia, em formato tabloide, surge em 1950 com o exclusivo propósito de apoiar a candidatura fracassada de Juracy Magalhães ao governo do estado. Era um semanário, de forte teor político, propriedade de Carlos Monteiro, que tinha sido o fundador do Diário da Tarde de Ilhéus, em 1928, influente jornalista na região cacaueira. Outro Correio da Bahia, o quarto a ostentar esse nome, foi às bancas pela primeira vez em 15 de janeiro de 1979 com manchete destacando a descoberta - na chamada Área Weber - da maior mina de ouro do Brasil; entrevista com o novo governador, Antônio Carlos Magalhães, foi outro dos assuntos em pauta. Mino Carta, recém-afastado da revista Veja, redigiu o editorial de estreia.
Em agosto de 2008, a caminho da liderança de circulação e num contexto de ampla reformulação gráfica e editorial, incluindo o seu novo formato berliner, atualizou o nome para Correio*. Já se preparava para ser uma empresa multimídia, o asterisco remetia o leitor à linguagem digital das plataformas web. E já transcorreram 40 anos.
A caminho da liderança, o jornal atualizou o nome para Correio*. Já se preparava para ser uma empresa multimídia