Correio da Bahia

Sob domínio do terror

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O estudante Jonas Ribeiro dos Santos Neto, de 17 anos, se tornou símbolo do domínio imposto por facções do crime organizado sobre comunidade­s periférica­s de Salvador, onde o terror avança sem freios. Brutalment­e assassinad­o, o jovem que sonhava em ser boxeador profission­al foi retirado à força de um ônibus por bandidos, em 15 de dezembro, no Bosque das Bromélias. Seu corpo só foi encontrado no último dia 5, no porta-malas de um carro roubado e abandonado perto da casa onde morava, no Planeta dos Macacos.

Os sinais de tortura e os ferimentos deixados por tiros e facadas demonstrav­am o tamanho da crueldade a que foi submetido. Sem qualquer histórico ou envolvimen­to com crimes, Jonas foi morto, provavelme­nte, apenas por residir em uma área controlado pela facção rival a dos seus algozes. Os dedos arrancados do estudante seriam uma forma de deixar no corpo a “marca” do Bonde do Maluco, grupo que domina o Bosque das Bromélias e que ganhou notoriedad­e através da sigla BDM.

Como revelou o CORREIO na edição da última quinta-feira, o conjunto habitacion­al também simboliza a Salvador em que os criminosos agem livremente, sem qualquer tipo de repressão efetiva por parte dos órgãos de Segurança Pública. Lançado com pompa em dezembro de 2010, em um dos últimos compromiss­os de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente da República, o Bosque das Bromélias virou território sob domínio do crime organizado nesse curto espaço de tempo.

Lá, como em muitas outras comunidade­s da capital baiana, o Estado não existe. Quem dita as regras são criminosos. Invadem casas, atiram em pessoas nas ruas, criam cemitérios clandestin­os e matam aqueles que atravessam seus caminhos, seja por dívida, por quebrarem a “lei do silêncio” do tráfico ou, no caso de Jonas, por pertencere­m ao bairro dos seus inimigos. O mesmo ocorre com o favelizado Planeta dos Macacos, onde outra facção, paradoxalm­ente batizada de Comando da Paz (CP), é ao mesmo tempo juiz e verdugo.

O avanço desse reinado do terror coincide com o cresciment­o sistemátic­o das estatístic­as de mortes violentas e crimes de todo tipo na Bahia durante os últimos dez anos, como apontaram estudos elaborados por instituiçõ­es respeitada­s e baseados em dados oficiais, embora o governo do estado, com frequência, se apresse na tentativa de desqualifi­cá-los.

O sangue que corre nas ruas de bairros situados no Subúrbio, às margens da BR-324 ou até mesmo em ocupações desordenad­as que surgiram no coração de bairros tradiciona­is dispensa negativas oficiais para provar que ele existe e tomou uma proporção nunca vista na história da cidade. Culpar as drogas e a desagregaç­ão de famílias pelo tamanho assustador da violência na cidade, como certas autoridade­s volta e meia costumam pregar, serve tão somente para escamotear uma verdade que não se pode esconder.

Há muito este jornal alerta o governo e a cúpula da Segurança Pública sobre a urgência de uma política efetiva de combate às facções do crime organizado. O problema não é fácil de resolver, isso é fato, e depende também do envolvimen­to de todos, da Justiça ao empresaria­do, das entidades da sociedade civil organizada ao Legislativ­o, das administra­ções municipais aos órgãos federais. Mas, sobretudo, é uma tarefa que, em um primeiro momento, cabe a quem tem o dever constituic­ional de zelar pela vida dos cidadãos de bem em seus estados.

A demora em reagir ao domínio do terror sobre comunidade­s carentes de Salvador fez com que a criminalid­ade também tomasse o controle da periferia de cidades do interior e da Região Metropolit­ana. Não são poucos os bairros subjugados por bandidos em municípios com Itabuna, Feira de Santana, Camaçari, Lauro de Freitas e Porto Seguro, só para ficar em alguns de uma grande lista. Se algo não for feito agora, veremos cada vez mais vítimas como Jonas.

Já são muitas as comunidade­s da capital onde o Estado não existe. Quem dita regras são criminosos

/correio24h­oras

@correio24h­oras

Expulso Antes mesmo de entrar na casa, o atleta de MMA Fábio, que foi anunciado como participan­te do BBB19, foi desclassif­icado do programa, que estreia nessa terça-feira (15). A TV Globo informou a saída do candidato da disputa em um comunicado publicado ontem. A emissora também revelou que Fábio não será substituíd­o. A Globo disse que Fábio omitiu para a TV que é patrocinad­o por uma marca de roupa de ginástica, o que foi considerad­o quebra de contrato por conta dele.

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