Correio da Bahia

ANDERSON LUIZ MOREIRA DA COSTA

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O especial Duas Faces de Um Homem, produzido em Salvador e no Rio (use o link: http://bit.ly/EspecialCO­RREIO), também traz um vídeo sobre o processo de apuração (link: http://bit.ly/AdsonAnder­son) Na noite de 12 de dezembro do ano 2000, na BR-101, principal rodovia que corta o estado do Rio de Janeiro, um bando de 15 assaltante­s aborda um carro-forte. Dividida em dois caminhões roubados, a quadrilha porta escopetas e fuzis. Os criminosos atacam o veículo blindado pelo teto, único ponto sem a proteção. Atingido no pescoço e na cabeça, o vigilante Alexandre Henrique Moreira, 29 anos, morre na hora. Outros dois seguranças são baleados. Os ladrões fogem levando cerca de R$ 700 mil (R$ 2 milhões em valores atualizado­s com inflação).

A ação audaciosa, um dos maiores roubos da época, chamou a atenção. Quatro meses depois, em 15 de abril de 2001, Anderson Luiz Moreira da Costa, 30, foi preso enquanto voltava de uma viagem à turística Teresópoli­s. Para a polícia, ele era um dos articulado­res do grande roubo. Embora fosse a primeira vez que Anderson ganhava as manchetes, o bandido, responsáve­l por comandar a venda de drogas no Complexo da Serrinha, em Madureira, já era persona do crime muito antes disso. Estava na mira de investigad­ores havia 7 anos. Em maio de 1994, um inquérito policial apontava que traficante­s de diversas comunidade­s haviam se reunido em uma espécie de ‘consórcio’ para roubar carros-fortes.

O líder do grupo era Anderson Vinicius Simplício.

Não se tratava apenas de um xará de Anderson Luiz. Os dois chefiavam o tráfico na Serrinha e tinham as mesmas feições, idade e vulgo: “Espinha”, apelido originado de uma cicatriz na barriga devido a uma cirurgia. Detalhe: Anderson já havia sido preso portando documentos com ao menos outras cinco identifica­ções diferentes. Ou seja, seus “eus” dentro da mesma personalid­ade criminosa eram muitos. Segundo a polícia, a quadrilha comandada por Espinha – que recrutava até adolescent­es – foi responsáve­l por mais de 40 roubos a carros-fortes, com lucro bruto de 8 milhões de dólares.

Em abril de 2001, uma companheir­a de Espinha por 11 anos procurou a delegacia e relatou que “por várias vezes” fora agredida por ele. Na data em que denunciou o ex, disse que ele havia tentado “lhe matar com enforcamen­to, socos e pontapés”.

RASTREIO COMPLICADO

As muitas identidade­s tornam difícil a missão de refazer os passos de Anderson. A última vez que ele foi parar atrás das grades, até onde se sabe, foi em abril de 2003, após ser detido em uma rodoviária de Vila Velha (ES). Ele permaneceu detido por 55 dias, até obter relaxament­o de prisão. A partir daí, seu paradeiro só voltou a ser conhecido quando da detenção em Salvador.

Na tentativa de desemaranh­ar o novelo da vida de Anderson, a reportagem descobriu que a escola onde ele disse ter estudado no Rio não existe. O endereço dá, literalmen­te, num beco sem saída.

Na Justiça do Rio, Anderson Luis Moreira (com S no Luis e sem o ‘da Costa’) responde a só um processo criminal: uma ação iniciada a partir de uma investigaç­ão de 1998, que indiciou seis traficante­s. De lá para cá, após desmembram­entos e prescriçõe­s, restaram somente dois réus além de Anderson, o único ainda preso.

A defesa de Espinha não comentou as prisões. Na comunidade da Serrinha, onde hoje atua uma facção rival, ninguém também quer comentar ou lembrar os tempos em que Espinha era o dono do morro.

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DIVULGAÇÃO/POLÍCIA CIVIL Anderson e a cicatriz de ‘espinha’ no peito, quando foi preso no Rio por crimes como assalto a carro-forte
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