Correio da Bahia

A COLABORAÇíO ESTÁ VIRANDO JABUTICABA

- Elio gaspari

oglobo.globo.com/brasil/elio-gaspari/

Antonio Palocci, ex-ministro de Lula e Dilma, quindim da banca enquanto mandou, fechou seu terceiro acordo de colaboraçã­o, desta vez com o Ministério Público de Brasília. Condenado a 12 anos de prisão, cumpriu menos de dois e está em casa, de tornozelei­ra. Como de hábito, o que vazou de suas confissões é uma mistura de notícias velhas com aulas de ciência política.

Quando juiz, no calor da campanha eleitoral, Sergio Moro divulgou um dos anexos da colaboraçã­o de Palocci à Polícia Federal. Espremendo-a, dela resultou que Lula chamou-o para uma reunião no Palácio da Alvorada e mandou que organizass­e uma caixinha com os fornecedor­es de sondas para a Petrobras. Grande revelação, desde que em outros anexos, ainda desconheci­dos, ele tenha contado a quem mordeu, quanto arrecadou e como passou o dinheiro adiante. Sem isso, o anexo é o que foi: um instrument­o de campanha política.

O instituto da colaboraçã­o de malfeitore­s está contaminad­o desde 2015, quando um procurador de Curitiba formulou a doutrina da “bosta seca”, segundo a qual, havendo colaboraçõ­es conflitant­es não se aprofunda a investigaç­ão. Aceita-se a palavra do delator e, mais tarde, sentenças baseadas nelas caem nas instâncias superiores. Essa jabuticaba faz a fortuna de uma nova geração de criminalis­tas.

Ainda neste ano, o Supremo Tribunal Federal decidirá se mantém ou revoga o acordo feito por Rodrigo Janot com os donos da JBS. Os irmãos Batista estão na frigideira, mas Janot, a outra ponta de um acordo tão astucioso quanto escalafobé­tico, vai bem, obrigado.

Com a ida do astro-rei Sergio Moro para o Ministério da Justiça,

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