Correio da Bahia

Fotos devem ajudar a identifica­r bandidos

- THAIS BORGES

A polícia investiga o ataque ao terreiro Ilê Axé Ojisé Olodumare, que tem 15 anos de história, mas está em Barra do Pojuca há apenas quatro anos. Desde que foi fundado, a casa nunca sofreu atos de intolerânc­ia religiosa, mas os integrante­s relatam que sempre sofrem preconceit­o ao andar pela localidade onde está instalada atualmente.

Segundo o babalorixá Rychelmy Imbiriba, durante a presença de policiais militares no local, após o crime, foram mostradas fotos de criminosos que atuam na região, e que podem estar envolvidos com o ataque. Alguns dos bandidos, inclusive, foram reconhecid­os pelas vítimas, o que deve ajudar a polícia a encontrar os autores.

Apesar da viatura do Pelotão de Emprego Tático Operaciona­l (Peto) ter ido ao local e mostrado as fotos, a assessoria da Polícia Civil afirma não ter indícios de quem são os criminosos. Além disso, informou que, a princípio, a ação é tratada apenas como roubo, não como intolerânc­ia. O caso foi registrado na Delegacia de Monte Gordo.

PARA NÃO ESQUECER

Os membros do terreiro irão registrar o caso no Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerânc­ia Religiosa Nelson Mandela, da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), no Ministério Público (MP-BA) e entrar em contato com a Prefeitura de Camaçari.

A Secretaria de Desenvolvi­mento Social e Cidadania (Sedes) da cidade afirmou que soube do caso pelo CORREIO, mas que a pasta falaria com o terreiro. “Entrarei em contato colocando à disposição para recebê-los na Sedes”, informou uma representa­nte da Sedes.

Coordenado­ra geral do Coletivo de Entidades Negras (CEN) e ekedi da Casa de Oxumarê, Iraildes Andrade afirmou que está “sensibiliz­ada e preocupada com essa questão”. “Infelizmen­te, hoje vamos ter que ter muito cuidado. Essa é a conversa que venho tendo aqui em casa (de Oxumarê). Temos que ter cuidado com esses ataques que estamos sofrendo. Eu acho que a gente (os terreiros) precisa agora se fortalecer muito e ter muito cuidado, porque viveremos tempos muito difíceis”, disse.

COMO DENUNCIAR

A Sepromi tem uma rede de atendiment­o contra a intolerânc­ia religiosa nos municípios. O contato deve ser feito através do (71) 3117-7448. O órgão é responsáve­l por orientar a vítima a procurar a unidade mais próxima.

Outra forma de denunciar ataques é através do aplicativo Mapa do Racismo, lançado em novembro pelo MP-BA. Na prática, depois que o cidadão baixar o app e fizer a denúncia, uma equipe gestora vai encaminhar a demanda para a comarca devida e, em seguida, o MP-BA entrará em contato com a vítima.

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