Correio da Bahia

Refresco para o bolso

- Georgina Maynart REPORTAGEM georgina.maynart@redebahia.com.br

O limão está 50% mais barato na Ceasa de Simões Filho maior central de abastecime­nto e distribuiç­ão da Bahia, na Região mMetropoli­tana de Salvador. O saco de 12 quilos, que chegou a ser vendido por R$ 30 no fim de dezembro, agora pode ser encontrado até por R$ 15.

A maior parte da produção vem do Recôncavo, oeste do estado e sul da Bahia, região onde a colheita é intensa nesta época do ano.

No centro da capital baiana, a queda nos preços também está sendo registrada nas bancas dos vendedores ambulantes de umbu, acerola, tamarindo e seriguela. São frutas com aquele sabor azedinho, mas muito refrescant­e para o paladar e para o bolso do consumidor.

O pote de umbu, que vem com cerca de 30 unidades, agora está sendo vendido por R$ 2. Uma redução de 36% registrada também nos preços de outras frutas cítricas, como acerola e limão. Já a porção da seriguela custava R$ 4 há quatro semanas, e hoje pode ser encontrada por R$ 3, cerca de 25% a menos.

Tem consumidor aproveitan­do esta onda de sabores. “Eu sou frequentad­or da região e consumo muitas frutas como umbu e cajá. O pote era R$ 3 , mas custando R$ 2 fica melhor ainda, principalm­ente neste calor”, diz o jornalista Rafael da Conceição Santos.

As consequênc­ias do aumento da oferta podem ser vistas na avenida Joana Angélica, onde há uma grande concentraç­ão de vendedores de frutas. Neste trecho do centro da cidade, o CORREIO encontrou pelo menos seis vendedores ambulantes que abandonara­m outros frutos e passaram a comerciali­zar as frutinhas de sabor peculiar.

“Estas frutas são ótimas para fazer um suquinho fresco. Aí quando o sol está muito quente a gente vende mais. Tem gente que leva até três pacotes de umbu de uma vez só. Está sendo ótimo”, comemora Verônica Barbosa, vendedora ambulante, que abandonou recentemen­te as uvas para vender o fruto típico da caatinga.

Com a temperatur­a alcançando até 34 graus em Salvador, espera-se que o consumidor faça bom proveito destas frutas refrescant­es, mas não se empolgue muito. Assim como os termômetro­s, os preços também costumam oscilar neste primeiro trimestre do ano, até a colheita acabar no campo.

PREJUÍZO

O aumento na oferta no campo nem sempre significa lucro p ara o produtor rural. Ao contrário, muitas vezes se transforma em prejuízo. Com muitas frutas no mercado, os preços caem, e alguns agricultor­es não conseguem nem cobrir os custos de produção.

No sul da Bahia, em Eunápolis, uma das maiores regiões produtoras de limão do estado, o quilo da fruta está saindo do campo por 0,80 centavos. Bem abaixo do preço de custo de produção que é de R$ 1.

Segundo os agricultor­es, um conjunto de fatores está influencia­ndo nesta queda. Cerca de 72% da produção de limão do Brasil é exportada. Mas neste período do ano, a quantidade enviada para a Europa diminui por causa do frio, que faz com que os europeus comprem menos limão. A redução nas exportaçõe­s ocorre exatamente no momento em que os estados de São Paulo, Minas Gerais e Bahia, maiores produtores do país, estão colhendo. Isso aumenta ainda mais a oferta no mercado.

Os agricultor­es mantêm a colheita dos frutos para diminuir os prejuízos. “Todo produtor já espera a queda no preço nesta época. É hora de fazer economia e administra­r. Continuamo­s colhendo para garantir o fornecimen­to para os clientes, diminuir o vermelho, aguardar o período de alta no preço eequilibra­r as contas. Estes preços devem continuar assim até meados de abril, quando as exportaçõe­s voltam a aumentar e os preços começam a reagir”, analisa o produtor rural Gilmar Oliveira Costa, que no ano passado colheu mais de 6 mil toneladas de limão.

Frutas cítricas estão até 50% mais baratas em Salvador

UMBU

Já no norte da Bahia, são os produtores de umbu que estão enfrentand­o a queda nos preços. A saca de 50 quilos está sendo vendida por até R$ 20 na região, preço considerad­o extremamen­te baixo pelos agricultor­es, que assim acabam recebendo apenas 0,40 centavos pelo quilo da fruta.

Com uma safra estimada em 100 toneladas este ano, os 271 produtores rurais ligados a Associação de Agricultor­es de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc) estão começando a produzir polpas de frutas de umbu. Congeladas, elas permitem que o agricultor espere o melhor momento para vender e agregue valor a produção.

A cooperativ­a tem clientes em várias partes do Brasil e já exporta doces e geléias de umbu há 10 anos. Para manter o fornecimen­to constante ao longo do ano, a cooperativ­a garante aos agricultor­es a compra dos frutos por um preço mais justo, entre R$ 40 e R$ 50 a saca.

LARANJA

“Agora a gente vai comerciali­zar polpa de umbu, maracujá e acerola, que também são abundantes aqui e estão na fase de colheita. Com isso a gente consegue valorizar a fruta e o trabalho do agricultor. A previsão é de uma safra muito boa”, afirma Denise Cardoso, presidente da Coopercuc.

Mas nem todas as frutas cítricas estão mais baratas. A laranja, por exemplo, continua em alta por causa de problemas nas safras da Bahia e de outros estados. Nos últimos anos, muitas pragas e doenças têm afetado os pomares.

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FOTOS ROBERTO ABREU No centro da capital baiana, a queda nos preços também está sendo registrada nas bancas dos vendedores ambulantes de umbu e acerola
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A porção da seriguela está sendo vendida por R$ 3 em Salvador

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