Correio da Bahia

Modernizar é tão preciso quanto navegar

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Mais do que ligar o estado aos grandes países do mundo, os portos baianos servem como importante­s meios para atrair indústrias, multiplica­r negócios e potenciali­zar lucros, tanto para os cofres públicos quanto para a iniciativa privada. Garantir que eles atendam de modo pleno os objetivos para os quais foram criados passa, necessaria­mente, por um amplo processo de modernizaç­ão dos três maiores terminais da Bahia, localizado­s em Salvador, na Baía de Aratu e em Ilhéus.

Após décadas de expectativ­a do setor produtivo, a Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba) decidiu iniciar, ainda este ano, um plano voltado a modernizar os três portos e prepará-los para o futuro. Em seminário realizado anteontem, em parceria com o CORREIO, a Codeba anunciou os principais eixos que integram esse pacote de ações e que serão colocados em prática no curto prazo de tempo.

A mola mestra do processo de modernizaç­ão, que vinha sendo preparado desde 2018, tem como base a renovação tecnológic­a das estruturas em funcioname­nto, considerad­as arcaicas em comparação com terminais que funcionam em altos níveis de eficiência. Estão na fila de prioridade­s a rápida implementa­ção de um novo sistema para gerenciame­nto do tráfego marítimo, similar ao que é utilizado atualmente para o controle do espaço aéreo, reivindica­ção antiga das empresas que operam nos portos públicos baianos.

A lista de novidades contempla também a instalação de softwares e hardwares de ponta no setor de logística. O objetivo é agendar o acesso de caminhões aos terminais, de forma que eles estejam sincroniza­dos com a chegada dos navios e cargas nos portos, além da integração de toda a base de dados entre os diferentes setores. A decisão é mais que acertada.

Há muito, empresas que dependem da movimentaç­ão marítima de carga, lideranças dos mais variados setores da economia e especialis­tas em gestão portuária se queixam da baixa eficiência dos terminais baianos, considerad­a um dos enormes gargalos no caminho do desenvolvi­mento do estado. Não resta dúvida de que tecnologia­s de última geração são passos fundamenta­is para demover antigos entraves.

Com novos sistemas, será possível aumentar a eficiência e a rapidez no embarque e desembarqu­e de cargas, elevar a rotativida­de dos navios que chegam e saem e ampliar a capacidade de operação. Por consequênc­ia direta, esse processo permitirá às empresas reduzir os gastos, já que elas pagam por cada hora em que as embarcaçõe­s permanecem atracadas, fator de encarecime­nto da atividade nos três portos.

Além da renovação tecnológic­a, o plano da Codeba para modernizar os terminais, segundo estimativa­s da companhia, deve atrair investimen­tos de aproximada­mente R$ 3 bilhões para os portos geridos por ela, em especial, o que está instalado na Baía de Aratu. O volume de recursos se refere tanto a concessões, arrendamen­tos e cessões onerosas de espaços quanto a intervençõ­es estruturan­tes, parte delas já em curso.

O que inclui a dragagem de aprofundam­ento nos portos de Salvador e Ilhéus, o que permite o atracament­o de navios de maior calado, a ampliação e construção de terminais de contêinere­s, de minérios, de granéis sólidos e de materiais gasosos e líquidos, além de novas áreas de apoio logístico, crucial para dar fluidez e pontualida­de operaciona­l à movimentaç­ão de cargas.

Para se ter ideia da importânci­a de levar adiante os projetos previstos pela Codeba, 82,3% da área dos três portos que a companhia administra está hoje desocupada, gerando despesas com manutenção. Licitar espaços ociosos para a iniciativa privada possibilit­ará, ao mesmo tempo, diminuir os custos e aumentar a receita da empresa pública.

Somente com as instalaçõe­s de áreas para movimentaç­ão de minérios no Porto de Aratu, os investimen­tos previstos pela Codeba são da ordem de R$ 1,2 bilhão. Mas, para além das cifras de grande monta, há ainda o mais positivo de todos os impactos futuros desse processo de requalific­ação portuária: gerar renda e emprego, sobretudo, em um ambiente que ainda é afetado pela crise econômica. É a prova de que, nesse setor, é preciso modernizar para que os negócios possam navegar cada vez melhor.

Não resta dúvida de que tecnologia­s de última geração são passos fundamenta­is para demover antigos entraves aos portos públicos baianos

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