Pai de menino morto em ação da PM vai fazer denúncia ao MP
CAMAÇARI O encanador caldeireiro José Carlos Silva, 70 anos, virou a chave da vida. Há dois anos, a meta de todos os dias era trabalhar fazendo carreto na cidade de Aracaju, em Sergipe, para sustentar a mulher e três filhos, mas a missão agora é outra: esclarecer a morte do caçula, o pequeno Hebert Felipe Souza Silva, 11, assassinado após uma ação da Polícia Militar em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).
A criança, que brincava com dois amiguinhos, de 7 e 10 anos, foi baleada três vezes e caiu dentro casa de um amigo da família, a metros da residência onde morava, na Rua dos Pássaros, em Jardim Brasília, no centro da cidade. Ferido, Hebert chegou a ser levado por PMs para o Hospital Geral de Camaçari (HGC), onde já chegou morto.
O encanador, que já formalizou uma queixa na Corregedoria da PM, adiantou o próximo passo: vai até o Ministério Público do Estado da Bahia (MP), na terça-feira, protocolar uma denúncia contra a corporação. José Carlos estava em Sergipe quando soube da morte do filho, mas ouviu dos vizinhos que a PM chegou ao local atirando a esmo.
Hebert era aluno do 5º ano, do Colégio Dom Pedro II, uma instituição particular da cidade, que chegou a sus- pender as aulas nesta sexta. O corpo do estudante foi na tarde de ontem, no Cemitério Jardim da Eternidade, no bairro Lama Preta, em Camaçari.
Em contato com o CORREIO, a Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA) afirmou que, em depoimento na Corregedoria da PM, os quatro militares envolvidos na ação afirmaram que trocaram tiros com bandidos que haviam roubado um veículo, modelo Classic, de placa não informada, na localidade.
Por meio da assessoria, a SSP disse, ainda, que os policiais não souberam afirmar se são os responsáveis pelos tiros e que uma perícia nas armas - tanto as dos militares, quanto a apresentada por eles, um revólver calibre 38 - deve atestar de onde partiu o tiro. Após a morte da criança, os quatro policiais foram presos.
Em nota, a PM reiterou que testemunhas, familiares da vítima e os policiais já foram ouvidos pela Corregedoria. A corporação reiterou ainda que se solidariza com os parentes do garoto.