Correio da Bahia

Projeto para militares prevê o aumento do tempo de serviço

- Miriam

PREVIDÊNCI­A O ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto Santos Cruz, afirmou, ontem, que o projeto de lei a ser enviado ao Congresso para mudar as regras de aposentado­ria de militares tratará do aumento do tempo de serviço e do porcentual de contribuiç­ão e taxação de pensionist­as. A proposta prevê a ampliação do tempo mínimo de permanênci­a na carreira de 30 para 35 anos. Pela proposta, a contribuiç­ão previdenci­ária sobe dos atuais 7,5% para 10,5% e passa a ser cobrada de todos, incluindo alunos de escolas militares, recrutas e pensionist­as. O desconto referente a assistênci­a médica e pensões passa para 14%.

O texto, ainda em discussão com a equipe econômica do governo, deve ser apresentad­o aos parlamenta­res até quarta-feira, dia 20.

Segundo Santos Cruz, que participou de almoço na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ontem, é preciso confiar que os parlamenta­res vão aprovar a proposta. Na economia, o governo é de muito barulho e pouco fato. Ele mal começou, é verdade, mas já produziu um volume de anúncios impression­ante. De concreto, tem uma reforma da Previdênci­a que ainda não deu um passo no Congresso e na sexta-feira houve um bem-sucedido leilão que vendeu 12 aeroportos. O detalhe é que os modelos do leilão e da concessão foram preparados pelo governo Temer. O mérito do atual foi realizar o planejado.

Há muita coisa para mudar na economia de um país que não consegue retomar o cresciment­o, tem um rombo fiscal persistent­e e 12 milhões de desemprega­dos. Como o governo acaba de chegar, é saudável que apresente suas soluções. O risco é atropelar a si mesmo nessa mistura de anúncios de medidas futuras.

Apesar de ter dito que a chamada PEC do Pacto Federativo esperaria pela aprovação da reforma da Previdênci­a, o ministro Paulo Guedes continua falando dela como se o projeto fosse iminente. A reforma orçamentár­ia é extremamen­te importante. Há dificuldad­es concretas na vida dos administra­dores públicos com o excesso “Agora temos que confiar que a Câmara vai aprovar com aperfeiçoa­mentos”, afirmou o ministro.

Sem uma base aliada consolidad­a, o ministro também disse não ver problemas em parlamenta­res indicarem nomes para preencher cargos no governo, o que tem sido reivindica­do por deputados. “Não tem problema nenhum ter indicações polí- de rigidez no uso dos recursos. A questão é que mesmo Hércules fez uma tarefa por vez. Essa é de espantosa complexida­de e mesmo se for aprovada um dia não eliminará os gastos incontorná­veis. Além disso, pode provocar uma dispersão da base de apoio ao governo, base aliás que nem foi ainda consolidad­a pela incapacida­de da articulaçã­o política.

A boa notícia da sexta-feira foi o fato de que 12 aeroportos passaram para as mãos de operadores privados e com o pagamento de um grande ágio. Mais importante do que os R$ 2,3 bilhões que o governo vai arrecadar, são os investimen­tos futuros na melhoria da logística aeroviária do país.

O sucesso do leilão foi muito bem recebido pelos empresário­s. Para o diretor-superinten­dente do grupo Astra, Manoel ticas, mas tem que ser com capacidade técnica e alinhament­o”, disse.

O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que o governo cumprirá a promessa de enviar ao Congresso a proposta de aposentado­ria dos militares no dia 20 de março. “Projeto da aposentado­ria dos militares está sendo trabalhado e vamos cumprir o prazo do dia 20”, disse o ministro.

Parlamenta­res cobram o envio do texto para que ele possa ser analisado em conjunto com a proposta de reforma da Previdênci­a, que já deverá começar a ser discutida nos próximos dias na Comissão de Constituiç­ão e Justiça da Câmara.

Governador­es dos estados das regiões Sul e Sudeste também se reuniram ontem à tarde em Belo Horizonte e declararam apoio a reforma da previdênci­a proposta pelo governo de Jair Bolsonaro.

Além do apoio às mudanças, os governador­es anunciaram a criação do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud). Flores, que fabrica revestimen­tos e materiais de construção, a notícia confirma a avaliação de que o pior da crise econômica ficou para trás. Ele fala olhando para os próprios números. Acaba de participar de uma feira no setor que teve uma alta no volume de negócios fechados e tem projeção na sua empresa de faturament­o 10% maior, com um aumento de 5% no número de funcionári­os.

No mercado financeiro também o leilão foi lido como um sinal positivo, principalm­ente pela presença do capital estrangeir­o. Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimen­tos, disse que o resultado foi muito melhor do que o esperado, e que a presença de operadores internacio­nais disputando os aeroportos brasileiro­s prova que, de fato, os investidor­es estão acreditand­o no Brasil. CONTAS PÚBLICAS A equipe econômica se prepara para anunciar na próxima semana um bloqueio de recursos no orçamento que afetará diversas áreas do governo, informa o jornal O Estado de S. Paulo. A cifra final a ser apresentad­a ainda está em avaliação, mas a tendência é que o contingenc­iamento fique acima de R$ 10 bilhões, segundo duas fontes a par das conversas. Os principais integrante­s do Ministério da Economia já foram avisados de que o bloqueio será expressivo. O assunto está sendo tratado com o Palácio do Planalto, e a decisão final

É possível ouvir palavras de ânimo tanto na economia real quanto na área financeira, mas a conversa termina sempre com o mesmo alerta: é preciso aprovar a reforma da Previdênci­a para que se confirme o cenário de melhora nas contas públicas brasileira­s. Portanto, é nesse ponto que tem que estar o foco da área econômica.

O grande desafio para a reforma neste momento será o envio nos próximos dias do projeto que muda as pensões e aposentado­rias dos militares. Ele virá com mudanças na carreira que elevarão ganhos, manterão vantagens como paridade e integralid­ade, e pode ter inclusive a garantia de aumento anual dos soldos. Ficará difícil explicar isso num contexto de escassez.

O Ministério da Economia falou em esfaquear o Sistema S, e será tomada na semana que vem. O bloqueio virá num ambiente já de forte contenção de gastos. O Orçamento aprovado prevê despesas totais de R$ 3,38 trilhões, mas somente R$ 155,8 bilhões restaram reservados para os investimen­tos públicos. O ministro da Economia, Paulo Guedes, prometeu, durante a campanha de Jair Bolsonaro à Presidênci­a, que zeraria o déficit agora em 2019, e ainda não recuou publicamen­te do compromiss­o. Para alcançar a meta, ele conta com receitas extraordin­árias, como a arrecadaçã­o do megaleilão do pré-sal.

35 anos deverá ser o tempo mínimo de carreira para os

militares 10,5 será a alíquota de

contribuiç­ão previdenci­ária dos

militares

blogs.oglobo.globo.com/miriam-leitao/

a ameaça contundent­e acabou contornada. Falou em fazer uma abertura da economia para tirar os empresário­s das suas trincheira­s da Primeira Guerra e já elevou tarifas de importação. Prometeu dar aos estados a maior fatia do dinheiro do grande leilão das áreas excedentes do pré-sal, mas ainda não conseguiu concluir as negociaçõe­s da Petrobras com a União, que, a propósito, estavam bem adiantadas no governo anterior. Na sexta-feira, o ministro Paulo Guedes prometeu digitaliza­r o governo, reduzindo à metade o número de funcionári­os públicos através da não realização de concursos para substituir os que se aposentare­m.

Há boas ideias nas propostas feitas pelo ministro, mas nada do que ele anuncia é tão fácil quanto ele diz. O mais difícil, contudo, é fazer tudo ao mesmo tempo. A ordem de prioridade­s precisa ficar mais bem definida para elevar a confiança na economia, permitindo o aumento da atividade, ainda excessivam­ente fraca.

Como o governo acaba de chegar, é saudável que apresente suas soluções. O risco é atropelar a si mesmo com o excesso de anúncio de ideias.

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