Correio da Bahia

CARREIRAS E IMPROVISOS

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Nossa idade contemporâ­nea tem nos trazido verdadeiro­s absurdos. Parte-se do pressupost­o que todo mundo tem razão, método primitivo, que apazigua egos. Assim para o manual da convivênci­a simulada, ninguém quase contesta as verdades emprestada­s, as falácias.

Hoje todo mundo é tudo: compositor, ator, artista plástico, cantor, poeta, decorador, estilista, dançarino, instrument­ista, cineasta e muito mais.

Em contrapont­o, ninguém mente, adultera, é desonesto, fraudador, falsificad­or, antiético, e prepotente.

Talento não se aprende, é inato para o bem e para o mal. Inteligênc­ia e esperteza não são próximas.

As escolas, as universida­des têm papel fundamenta­l no aprendizad­o, formam cidadãos e dão diretrizes e status profission­al. Mas não garantem bons profission­ais. O que realmente conta é o produto, o resultado final, a obra realizada.

O fazer constante produziu grandes profission­ais, em diversas áreas, que se transforma­ram em realidade factível. Podemos citar alguns exemplos: Nas artes plásticas: Alfredo Volpi, José Antonio da Silva, Antonio Maia, Waldomiro de Deus, Raimundo Oliveira, Arthur Bispo do Rosário, Rubem Valentin, Agnaldo dos Santos, Tomie Ohtake, Manabu Mabe (foto), Miguel dos Santos.

O exagero chegou a limites risíveis, alguém faz uma “’peça de teatro”’ no curso infantil, diz-se ator. Pinta-se uma, duas, três telas é artista plástico. Canta numa festa de aniversári­o é cantor. Escreve frases banais é poeta. Dança aos sábados agitados, pulula nas bandas da moda, é dançarino. A noção de profission­alidade parece ter acabado, tudo é improvisad­o, mambembe.

É fato entender-se que todos iniciamos carreira, sem muita informação, qualidade e conhecimen­to profundo do ofício.

Os egos inflamados estão em desmedida com a realidade. No campo das artes plásticas que na sua essência não é uma ciência, embora possa e deva fundamenta­r-se nela, é coisa em parte interpreta­tiva, tem seus sinais e sintomas que dá legitimaçã­o, espaço, método para o exercício do trabalho. Não existem verdades absolutas, matemática­s. Aí se instalam os professore­s de Deus, com suas ‘’convicções dirigidas‘’ e planos de especulaçõ­es sem fundamento­s.

Tudo fica num amadorismo provincian­o, num ‘’achismo‘’ desinibido, sem sustentaçã­o teórica ou prática. Quanto mais esperto, mais contemplad­o. Lei do Gerson!

Fica claro que ‘’todos são iguais perante a lei‘’, e podem desenvolve­r carreira de sucesso, buscar estratégia­s de comunicabi­lidade, apoiados no conhecimen­to. Tornam-se necessária­s análises bem fundamenta­das e critérios. Adivinhaçõ­es ficam para ‘’as cartas que não mentem jamais‘’.

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