De olho no período de chuva
Abril é um mês que costuma preocupar quem vive próximo a encostas. A maior incidência das chuvas, nesse período do ano, tende a causar deslizamentos e desabamentos em bairros populosos da capital, como Liberdade, São Caetano e Pau da Lima, que são as primeiras entre as 88 áreas classificadas como de risco na capital.
Para reduzir os danos, a prefeitura anunciou, ontem, um plano de ações de prevenção e alerta. O Sistema de Alerta e Alarme, já em funcionamento em oito pontos, de acordo com a Defesa Civil de Salvador (Codesal), também vai ser implantado em Sete de Abril, Castelo Branco e São Caetano.
Aliadas ao sistema, que emite o som de alerta às famílias que residem em áreas de risco, estações meteorológicas e hidrológicas serão implantadas até junho. Elas irão medir as condições de tempo e clima, além de monitorar o volume de água de um dos maiores rios da cidade, o Camarajipe, que vai de São Caetano à orla de Salvador. O investimento nas duas estações foi de R$ 271 mil.
Toda a operação prevê um total de cerca de R$ 70 milhões, R$ 10 milhões a mais que em 2018. A coordenação é da Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência (Secis) e da Codesal. Ao todo, nove secretarias municipais estão envolvidas.
O prefeito ACM Neto explicou que a operação está dividida em duas etapas, que devem ocorrer de maneira simultânea. Uma delas é a preparatória, que corresponde à intensificação das ações preventivas. A outra etapa, de alerta, prevê a adoção de ações de monitoramento e resposta a situações de risco ou desastre durante a operação.
Estão incluídas nessa primeira fase as ações do Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil (Cemadec), além de vistorias técnicas e gerenciamento de alertas por meio de mensagens de SMS.
Ainda nessa fase, é prevista a execução dos protocolos de estabelecimento do Plano Preventivo de Defesa Civil (PPDC), para acompanhamento e avaliação do quadro evolutivo dos fenômenos climáticos que oferecem risco à população. As ações preparatórias, segundo Neto, compreendem, principalmente, as instalações das estações e do sistema de alerta.
De acordo com a prefeitura, em 2018, as chuvas de abril não ultrapassaram a média histórica de 913,3 mm - marca superada pela última vez em 2015, quando ocorreu a tragédia da comunidade de Barro Branco, quando 11 pessoas morreram após deslizamento de terra. Neste ano, é previsto que o índice siga abaixo dessa máxima.
Mais três bairros da capital terão alerta contra deslizamentos
OBRAS
“Estão previstas obras de contenção de encostas, aplicação de geomantas, macro e microdrenagem, recuperação de escadarias drenantes, aplicação de lonas e tecnologia, com o Sistema de Alerta e Alarme”, destacou o prefeito.
Ontem, o CORREIO esteve na Vila Picasso, em Capelinha de São Caetano, no ponto de onde saem os alertas para que as pessoas desocupem seus imóveis. Em um raio de cerca de 300 m ocupados por residências, moram ao menos 15 famílias. A maioria, como a da aposentada Maurícia Magna, 68, moradora do local há 48, convive com o medo.
“Quando a sirene soou em abril do ano passado, foi um desespero só. Saímos todos de casa e fomos para o Colégio Municipal Antônio de Carvalho Guedes, aqui na Capelinha mesmo. A minha vida inteira aqui foi assim”, lembrou a assistente social Tatiane Magna, filha de Maurícia.
O prefeito orienta que os moradores que se sentirem ameaçados devem procurar a Codesal, por meio do 199, para que o caso seja avaliado e as medidas possam ser tomadas. “Além disso, faço um apelo aos cidadãos, para que eles colaborem, nessa fase de alerta, não deixem de procurar a prefeitura. Vamos avaliar as condições de cada um desses imóveis e dar todo suporte, pagando o aluguel so-