Correio da Bahia

Mário Dantas assume presidênci­a da ACB

- Miriam TAILANE MUNIZ

MUDANÇA Aos 48 anos de idade, o empresário Mário Dantas se tornou o segundo presidente mais jovem, em 200 anos, a presidir a Associação Comercial da Bahia (ACB). A cerimônia de posse e de comemoraçã­o aos 208 anos de atividade da ACB foi realizada na sede da entidade, ontem à noite.

A solenidade foi prestigiad­a por autoridade­s como o vice-governador, João Leão, o prefeito ACM Neto, o vice-prefeito, Bruno Reis, o presidente da Câmara dos Vereadores, Geraldo Júnior, e o presidente da Assembleia Legislativ­a, Nelson Leal, além de dezenas de empresário­s dos mais diversos setores da economia.

O novo gestor da casa, que é presidente do Grupo de Líderes Empresaria­is da Bahia (Lide-BA), atribui à gestão o desafio de “não apresentar problemas dissociado­s de possíveis soluções”. “É com muita honra que assumo esse cargo e me comprometo com a ACB, que é a entidade empresaria­l mais antiga das Américas e que sempre esteve em defesa dos interesses mais legítimos da classe empresaria­l, A equipe econômica já trabalha com o que se poderá fazer no Senado para que a reforma da Previdênci­a ande rápido e reinclua os estados e municípios. A atividade econômica teve ontem um primeiro dado positivo em muito tempo, mas os economista­s não acham que isso seja o início de alguma retomada. O IBC-Br de 0,54% é visto como um ponto fora da curva, depois de quatro meses de queda. A aprovação da reforma, em primeiro turno, foi comemorada pelo mercado, mas sem a interpreta­ção de que isso resolverá os problemas que levaram à estagnação.

O Senado terá todo o apoio da equipe econômica para incluir estados e municípios, segundo se diz no governo. Uma fonte que eu ouvi disse que “agora é a hora do protagonis­mo de Davi Alcolumbre”. Se a reinclusão dos estados exigir garantias de que o dinheiro do petróleo será dividido com eles, não haverá obstáculos no Ministério da Economia. Isso é visto lá como um passo importante rumo ao verdadeiro “federalism­o”.

— Precisamos acabar com o dirigismo. Temos que descentral­izar os recursos. Se para isso precisar garantir uma parte dos recursos da partilha, dos royalties como um todo”, disse. Para o prefeito ACM Neto, a ACB é a entidade que “melhor representa a força empresaria­l do estado”. “Mário é alguém que dee da cessão onerosa para os estados, tudo bem — diz um economista do governo.

Para isso será preciso aprovar uma legislação específica, fazer o leilão e entender que o dinheiro do petróleo não resolverá todos os problemas, não entrará no caixa rapidament­e, nem substituir­á a reforma da Previdênci­a. A aposentado­ria dos policiais e dos professore­s tem impactado os estados e municípios, mas justamente esses dois itens foram suavizados pelo plenário da Câmara. E, claro, é preciso aprovar a reforma em segundo turno.

Na economia real, ainda há dúvidas sobre o ritmo da recuperaçã­o. O mercado financeiro revisou pela 20ª semana seguida a projeção para o PIB deste ano, para 0,81%, e cortou o número monstra grande vocação para a vida pública. E eu sei que os empresário­s da Bahia agora depositam sua confiança nessa nova diretoria”, comentou.

Na ocasião, também tomaram posse os novos membros do Conselho Superior da ACB - sob a presidênci­a do também empresário Wilson Galvão Andrade -, que, pela primeira vez, tem três dos nove cargos (além da presidênci­a) ocudo ano que vem, para 2,1%. O governo reduziu sua estimativa para este ano, de 1,6% para 0,8%. Na visão do economista-chefe da Rio Bravo Investimen­tos, Evandro Buccini, a reforma da Previdênci­a sozinha não garante o cresciment­o sustentáve­l, e o governo não tem o que fazer para impulsiona­r a economia no curto prazo:

“A reforma pode até ser uma faísca para acender o cresciment­o, o problema é que a economia não tem combustíve­l para crescer. Os empresário­s têm dúvidas em relação à demanda, quem investiu nos últimos tempos se deu mal. Enquanto não houver certeza de que o consumo vai voltar, será difícil destravar o investimen­to”.

A aprovação da reforma favorece o cenário de corte de juros pados por mulheres.

O presidente da Rede Bahia, Antonio Carlos Júnior, afirmou que a nova gestão da

ACB assume em um momento de “esperança de resgate da economia”. “A ACB é uma entidade importantí­ssima. Junto com os empresário­s, com a votação da reforma da Previdênci­a, há a tentativa de reativar a economia, o que pode dar uma ajuda ao empresaria­do baiano”, afirmou.

Apesar do termo comercial no nome, trata-se de uma associação que abriga o comércio, a indústria, os serviços e o agronegóci­o Mário Dantas Presidente da Associação Comercial

blogs.oglobo.globo.com/miriam-leitao/

pelo Banco Central. A expectativ­a de parte do mercado financeiro é de que a Selic comece a cair na reunião do final deste mês, de 6,5% para 6%, e termine o ano em 5%. Mas isso não é garantia de que as taxas ficarão mais baratas para o consumidor final.

“Nenhuma empresa pequena ou média consegue empréstimo a menos de 30% ao ano, mesmo com a Selic a 6,5%. O spread continua muito elevado, apesar de todo o esforço do Banco Central”, afirmou Buccini.

No cenário externo, permanecem as incertezas. A China anunciou que cresceu no segundo trimestre à menor taxa em 27 anos. Traria euforia para qualquer país, porque foi 6,2%, mas isso preocupou os mercados ontem. O Banco Central americano interrompe­u a alta dos juros, e isso significa que vê problemas para o cresciment­o mundial. Na Argentina, que é o principal destino dos nossos produtos industriai­s, há eleições em outubro com chance de vitória do candidato da oposição Alberto Fernández. Em entrevista ao jornal “Clarín”, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, já falou em “atritos” na relação entre os dois países, em caso de vitória de Fernández. Tudo isso deixa o horizonte mais nebuloso, porque na projeção para o PIB do ano que vem a indústria tem um papel fundamenta­l, com alta de 3%. Se ela falhar, jogará o PIB para baixo.

A equipe econômica estuda medidas para destravar a economia. Mas cometerá um erro se tentar buscar o cresciment­o a qualquer custo no curto prazo. O cenário está assim: há uma boa expectativ­a por causa da reforma da Previdênci­a, mas a economia permanece gelada, o mundo está ficando mais complexo, e com o presidente da República não se pode contar. Seu pensamento sempre está longe do foco. Ontem, achava que o principal problema do país era a taxa de Fernando de Noronha.

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BETTO JR. Mário Dantas: ‘A ACB sempre esteve em defesa dos interesses mais legítimos da classe empresaria­l’

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