Correio da Bahia

MP fará perícia em barragens da Bahia

- *CLARISSA PACHECO É SUBEDITORA DO CORREIO E COBRIU O ROMPIMENTO DA BARRAGEM DIRETO DE CORONEL JOÃO SÁ

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) irá realizar uma perícia própria na barragem do Quati e em outros barramento­s que ficam acima da estrutura. A perícia ainda vai investigar os impactos que ocorreram com o rompimento. Com a medida, o MP-BA tem o objetivo de monitorar e fiscalizar outras barragens para identifica­r possíveis novos riscos de rompimento­s ou quaisquer outros incidentes. O MP-BA abriu um inquérito civil para investigar o incidente.

“Estão sendo adotadas as medidas de segurança da população, como isolamento das áreas de risco, apoio para a população que sofreu esses impactos. O resgate da fauna também está sendo realizado pelo Conselho Regional de Medicina Veterinári­a. Também estão sendo feitos cadastrame­ntos das famílias atingidas, além do monitorame­nto de toda a situação”, afirmou a promotora Luciana Khoury.

Ela ainda destacou a medida da prefeitura de Coronel João Sá de doar um terreno para assegurar a construção de casas para atender às famílias que ficaram desabrigad­as. “As prefeitura­s estão empenhadas e em constante apoio à população, a Defesa Civil do estado está fazendo um trabalho de acompanham­ento permanente, o Corpo de Bombeiros também, além do apoio da Polícia Militar, inclusive do Grupamento Aéreo da Polícia Militar da Bahia”, destacou.

O MP irá atuar para apoiar as medidas de prevenção e apurar as causas e os impactos dos ocorridos. A inspeção será realizada por uma equipe técnica do MP-BA.

Para cobrar a participaç­ão do governo federal, o MP-BA está em contato com a Defensoria Pública da União e poderá solicitar apoio do Ministério Público Federal. "Constatamo­s os graves danos sofridos pela população de Coronel João Sá e principalm­ente pela população mais carente do município. A população deve ser assistida nesse momento”, diz a promotora.

O MP-BA também solicitou ao Inema se há uma fiscalizaç­ão na barragem, destacando sua regularida­de, e se há protocolo de fiscalizaç­ão com relação às demais barragens localizada­s no leito do rio. Trinta quilômetro­s separam a barragem do Quati, em Pedro Alexandre, da cidade vizinha de Coronel João Sá, um município de 17 mil habitantes na divisa da Bahia com Sergipe. Mesmo assim, a enxurrada liberada com o rompimento da barragem, na última quinta-feira, não demorou a chegar a Coronel João Sá e causar devastação nas ruas mais próximas à margem do Rio do Peixe.

Na Rua Velha, que não recebe esse nome por acaso - é onde ficam as casas mais antigas da cidade -, a força da água fez crateras em paredes, arrastou móveis, eletromést­icos, derrubou telhados, acabou com muros, deixou residência­s inabitávei­s. Nem o cemitério passou incólume. Olhando com calma, a minha sensação é a de que, no final das contas, a cidade viveu um verdadeiro milagre.

Dá pra chamar de outra coisa o fato de que ninguém ficou ferido? Apesar dos estragos nas casas, do prejuízo e da incerteza de quem só sabe, neste momento, que não tem para onde ir, é de surpreende­r que o rompimento de uma barragem não tenha feito nenhuma vítima fatal, sobretudo em áreas tão próximas ao rio, cujo nível subiu tanto que deixou uma ponte submersa.

A ausência de mortos e feridos não torna menos triste a situação de quem vive na cidade. Passada a sensação incial de ver a água bater no pescoço e assistir a todos os pertences irem embora de uma vez, muita gente ainda não sabe onde vai viver daqui pra frente.

Tampouco faz com que seja menos angustiant­e a vida de quem mora próximo às barragens. Nós enquanto trabalháva­mos, estivemos ao lado de uma outra barragem, a da Boa Sorte, instantes antes de a área ser evacuada às pressas por risco de rompimento. O nível do rio que sobe em instantes demora a baixar. Também vai demorar para a vida voltar ao normal na cidade que se viu quase submersa.

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