Correio da Bahia

DEIXA OS MENINOS JOGAREM

-

O técnico Aleksandar Petrovic defendeu que a convocação da seleção masculina de basquete conta com uma mescla importante de três gerações diferentes. Até concordo, mas creio que era necessário dar um passo à frente já neste Mundial.

É fato que o Brasil terá um grupo bastante difícil pela frente, com chances reduzidas de classifica­ção. A Grécia está muito à frente, Montenegro num nível superior e a Nova Zelândia na mesma situação da seleção, talvez um pouco abaixo. Quiçá, fosse esse o momento de dar rodagem a mais garotos. Varejão e Leandrinho, por exemplo, mesmo com toda a bela e importante carreira que possuem, já não conseguem fazer tanta diferença no basquete nacional.

Além de Varejão e Leandrinho, ambos com 36 anos, a convocação tem Marcelinho Huertas, também com 36; Marquinhos, com 35; e Alex, com 39. Desses, quem menos tem sentido o peso da idade é Huertas, ainda atuando em bom nível na Espanha. A posição de armador também favorece, principalm­ente ofensivame­nte, já que depende menos da explosão física.

Por outro lado, a convocação conta com três jogadores que, aparenteme­nte, serão o futuro próximo da seleção. Já merecem ser o presente, mas não sei se terão tanto espaço com essa quantidade de jogadores acima dos 35 anos convocada.

Bruno Caboclo, 23 anos, Didi Louzada, 20, e Yago, também de 20, já merecem ser os condutores da seleção. Caboclo vem de ótima temporada no Memphis Grizzlies. Finalmente, chegou à maturidade e ao que se esperava - ao menos, por enquanto, já que pode crescer muito - quando ele foi draftado pelo Toronto Raptors, em 2014, com 19 anos.

Caboclo, agora no Memphis Grizzlies, se tornou um belo defensor e tem abusado da potência física (ainda em desenvolvi­mento) para se impor no garrafão. Chegou como experiênci­a para o time de Memphis, mas, com bons números e atuações, ganhou um contrato de dois anos.

Didi, draftado pelo Pelicans neste ano, irá jogar na liga australian­a, com nível bem maior que o NBB, mas mostra, na Summer League, bom nível de defesa e ataque, sendo já considerad­o uma ‘steal’ (termo em inglês para designar um jogador draftado numa posição abaixo do que deveria) do Pelicans. Obviamente que uma melhoria na língua vai fazer ele conseguir se desenvolve­r mais, mas penso que, talvez, um acompanham­ento mais de perto da equipe, colocando-o na D-League, seria mais proveitoso.

Yago também tentou o draft, mas não chamou a atenção de nenhum time da NBA a ponto de ser escolhido. De qualquer forma, vem sendo chamado para seleção há algum tempo e me parece mais encaminhad­o a ser o futuro da equipe do que os outros. No entanto, com Huertas e Rafael Luz no elenco do Mundial, pode ter seu desenvolvi­mento atrapalhad­o, ainda que possa aprender com os dois armadores mais experiente­s.

Infelizmen­te, o insucesso em se classifica­r para um modesto Pan-Americano também irá atrapalhar o desenvolvi­mento da seleção adulta, além de todos os problemas pelos quais o basquete brasileiro passou e ainda passa após gestões horríveis na Confederaç­ão Brasileira de Basketball.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil