Com selo de origem, cacau renasce na BA
Nossa prioridade é a qualidade dos produtos em vez da quantidade, e temos ganhado mercado com a credibilidade da nossa marca, sobretudo em outros estados do país
Patrícia Viana Lima Proprietária da marca Modaka
que estavam sendo feitos pelos pais, se articulou com eles para, no ano seguinte, criarem a própria marca, a Modaka, Cacau de Origem, cujos produtos hoje são enviados para o Sul e Sudeste do país.
Toda a produção da Modaka na fazenda São José é orgânica. A propriedade familiar é certificada pelo IBD, uma certificadora para produtos orgânicos de renome internacional.
A fazenda é uma das 31 associadas à Cooperativa Cabruca, sediada em Ilhéus, onde será realizada, de hoje até domingo, a 11ª edição do Chocolat Bahia Festival (leia mais abaixo). Da cooperariva só participam fazendeiros que possuem o selo do IBD para produtos orgânicos. Juntos, os cooperados produzem, cada um, entre 80 a 100 toneladas de cacau por ano – mais de 60% da produção é exportada para Suíça e Itália, e o restante das amêndoas é usado para a produção de produtos especiais, como chocolates, cachaças e vinho, produzido pelo próprio presidente da cooperativa.
O presidente da Cabruca, criada em 2000, é o francês Patrick Rene Labarrere, 60, que também viveu a época da devastação dos pés de cacau por conta da vassoura de bruxa. A fazenda dele, de 65 hectares, fica em Una. Ali, Labarrere montou uma agroindústria para fabricação de produtos desidratados, como banana, coco e mamão, e produz ainda baunilha, pimenta, açaí e guaraná, tudo no sistema orgânico. Sua marca de chocolate é a Du Kakau.
“Tocava as duas coisas juntas, o emprego e as atividades da fazenda, até que resolvi só cuidar do cacau e em pouco tempo iniciei a produção de vinho, ainda em 2006. De lá para cá, venho aperfeiçoando a produção”, diz. O vinho, destaca o agricultor, é na verdade um apelido da bebida que ele produz. Bem que ele gostaria de poder chamar mesmo de vinho, mas o Ministério da Agricultura só reconhece o vinho feito de uva. Por isso, ele resolveu batizar a sua bebida de “Blanc de cacau”. “Não posso colocar no rótulo que é vinho e sim que é um produto fermentado”, disse.
Independente de poder usar o “vinho” como nome oficial, fato é que na região do sul da Bahia o “vinho” de cacau já temseespalhadoeidoalémdas fronteiras baianas. A bebida é produzida a partir do mel de cacau, nos moldes do vinho do porto: é fermentado, envelhecido em reservatórios de inox (não pode ser de madeira) e depois filtrado. Atualmente, há cerca de 10 mil litros de mel em envelhecimento. “A produção de mel de cacau vai quase toda para a Dengo [uma startup de chocolates]”, diz Labarrere.