Correio da Bahia

Doente renal tem mais dificuldad­e em liberar o metal

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O farmacêuti­co e bioquímico Bruno Dumêt, professor e doutor em toxicologi­a do curso de Farmácia da Universida­de Federal da Bahia (Ufba), diz que uma quantidade maior de alumínio no organismo pode ser agravada em pessoas com problemas de saúde. “É normal ter alumínio no corpo. O problema é quando a quantidade ultrapassa o limite de tolerância ou o limite de referência. Temos que levar em consideraç­ão a referência, pois tem alumínio na água, em alimentos e medicament­os. O perigo é quando as pessoas têm problemas de saúde, como os hemodialis­ados, que têm dificuldad­e maior em liberar a substância”, explica.

Ele acrescenta que, nesse caso, o paciente acaba acumulando o alumínio em alguns tecidos e ossos, e isso pode levar à morte. Ele lembra que, em 1993, 25 pessoas morreram durante um tratamento de hemodiális­e no Hospital Distrital de Évora, em Portugal. “Todas foram contaminad­as por alumínio presente na água usada no processo da hemodiális­e.”

O professor da Faculdade de Medicina da Ufba, Antônio Raimundo Almeida, chefe do setor de nefrologia do Hospital das Clínicas, falou sobre a relação entre o alumínio e os hemodialis­ados. No passado, se usava substância­s à base de alumínio para azia, úlcera e para diminuir o fósforo no sangue em pacientes com insuficiên­cia renal. “Isso foi o que provocou, entre 1975 e 1978, lesões no sistema nervoso, nos ossos e no sangue. Aí, foi descoberto que era o alumínio do remédio que causava problemas nos pacientes renais. O uso do alumínio, a partir daí, foi banido nas medicações”, disse Almeida. Logo depois, se descobriu que a água da diálise poderia estar contaminad­a com alumínio e isso provocava lesões nos ossos. “A água da hemodiális­e passou a ser muito bem tratada visando eliminar qualquer traço do metal.”

Ainda de acordo com Almeida, o paciente renal crônico tem uma alta mortalidad­e devido a outras doenças, como diabetes, infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Chega a ser 50 vezes maior que o índice das demais, porque tem mais doenças cardiovasc­ulares. “Mas só a necropsia é capaz de apontar a causa da morte por contaminaç­ão por alumínio”, declarou o médico.

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