Correio da Bahia

Desafios da Energia Solar

- JANAINA OTTONELLI É PÓS-DOUTORANDA DO NPGA/UFBA; ULYSSES CRUZ É DOUTORANDO DO NPGA/UFBA; ADRIANO ROSA É ADVOGADO; CÉLIO ANDRADE É PROFESSOR TITULAR DO NPGA/UFBA. MEMBROS DO GRUPO DE PESQUISA GPS (HTTP://GRUPOGAGMC.BLOGSPOT.COM/).

Apesar das fragilidad­es competitiv­as, a energia solar fotovoltai­ca cresceu e representa 1,2% da matriz brasileira

O Acordo de Paris aprovado em 2015 objetiva reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e limitar o aumento da temperatur­a mundial em 2º C em relação aos níveis pré-industriai­s. O Brasil assinou o acordo e estabelece­u os compromiss­os para a redução das emissões de GEE em 37% em 2025 e 43% em 2030, consideran­do 2005 como referência. Para isso, uma das ações propostas é diversific­ar a matriz energética, alcançando 45% em energias renováveis em 2030.

A energia solar tem um papel fundamenta­l para que o Brasil cumpra esses compromiss­os. As energias elétrica e térmica podem ser geradas a partir da radiação solar em todo o território brasileiro, especialme­nte na Região Nordeste. O Brasil também possui grandes reservas de silício na Bahia, Minas Gerais e Goiás. Contudo, não obstante essas vantagens comparativ­as, as lâminas de silício grau solar são importadas e representa­m o item mais caro da placa fotovoltai­ca.

Apesar dessas fragilidad­es competitiv­as, o setor de energia solar fotovoltai­ca cresceu e hoje representa 1,2% da matriz elétrica brasileira. A geração de energia ocorre tanto na forma centraliza­da em usinas com contratos firmados em leilões quanto na forma distribuíd­a pela produção dos consumidor­es em residência­s, condomínio­s, etc. A Bahia lidera o ranking de geração centraliza­da (770

MW), mas ocupa somente a 17º posição na forma distribuíd­a (15MW).

A energia solar tem um papel crucial para o aumento da resiliênci­a climática, principalm­ente nos centros urbanos. Além disso, ela pode suprir a demanda energética de comunidade­s rurais, otimizar os processos produtivos e fornecer energia nos horários de pico, aumentando a segurança energética. A geração de empregos é outro benefício, impulsiona­do pelo segmento de instalação.

Para o aumento da competitiv­idade do setor desafios precisam ser enfrentado­s: a) investir no domínio tecnológic­o para a produção industrial das lâminas de silício e para aumentar a eficiência da geração de energia, atualmente em torno de 25%; b) desenvolve­r tecnologia­s de logística reversa para a reciclagem das placas no final da vida útil; c) redução da carga tributária da importação de equipament­os e produção de energia; d) ampliação da oferta de linhas de financiame­nto para pessoas físicas; e) regulament­ação para parques híbridos de energia (eólica/solar), viabilizan­do novos empreendim­entos através do compartilh­amento de infraestru­turas.

Somente assim poderemos entrar no ranking dos cinco países líderes do mercado de energia fotovoltai­ca: China, EUA, Japão, Alemanha e Índia.

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