Destinos turísticos atingidos
Óleo As praias de Morro de São Paulo e Guarapuá amanheceram sujas pelo piche que afeta o litoral do Nordeste
Dos carregadores de malas que ajudam os turistas a subir o íngreme aclive no desembarque até os donos de restaurantes e pousadas: todos meteram a mão no óleo. Com o verão batendo à porta, a chegada, ontem, em Morro de São Paulo do petróleo in natura que já atinge mais de 200 áreas dos 2.500 km da costa do Nordeste fez a comunidade local se unir para remover as manchas pretas. Além das principais praias de Morro, as praias de Garapuá, Tassimirim e Cueira, as duas últimas na Ilha de Boipeba, também foram atingidas.
O mutirão foi fundamental para que, antes do final da tarde, um dos principais destinos turísticos da Bahia tivessem suas principais praias liberadas para banho. Barqueiros, comerciantes, funcionários públicos, ambulantes, empresários, além de prepostos da Marinha e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que trabalharam juntos para retirar cerca de 1,5 tonelada do material. “Foi bonito de ver todo mundo trabalhando junto. Desde 7h da manhã estamos nessa função. Estamos cansados, sujos, mas felizes”, disse João Correio dos Santos, 56 anos, que faz transporte marítimo entre Valença, Morro, Boipeba e Garapuá.
No final do dia, apenas a quinta praia de Morro, conhecida como Praia do Encanto, tinha óleo para ser removido. Neste ponto, próximo à foz do Rio Panã, há uma área de manguezais. Os relatos da comunidade dão conta de que o óleo grudou no mangue e ainda precisa ser retirado. “A parte turística, que tem mais visibilidade, o óleo não chegou com tanta intensidade. Conseguimos limpar rapidamente. Mas, na área do mangue ele chegou mais denso, tá dando mais trabalho”, falou Íngrid Batista, 37 anos, empresária do ramo de hotelaria, com a roupa tão suja quanto o barqueiro João. “Estamos juntos nessa luta contra o óleo”, disse.
INTERDIÇÃO
Todas as praias atingidas pertencem ao município de Cairu. Era madrugada, por volta de 2h30 de ontem, quando os primeiros sinais de óleo foram avistados. A segunda e terceira praias chegaram a ser interditadas pela prefeitura. Nesse momento, as pousadas chegaram a receber ligações com turistas cancelando reservas. “Muita gente ligando buscando informações, mas teve hospede que cancelou, sim. Imagine a nossa preocupação”, disse o empresário Antônio Carlos Berti, sócio de quatro pousadas em Morro.
Com a limpeza, a coisa começou a normalizar no início da tarde. A interdição da segunda e terceira praias ocorreu no início da manhã e foi suspensa entre 12h30 e 13h. O Passeio Volta à Ilha, também proibido por algumas horas, voltou a funcionar normalmente. Apesar das liberações, o município-arquipélago aguarda a avaliação dos órgãos estaduais responsáveis para recomendação de banho de mar no local.
Todo o óleo removido foi armazenado em uma área cedida pela Fazenda Caieira, próxima à terceira praia de Morro. Mais material deve ser retirado hoje. “Estamos colocando o óleo em uma grande caixa d’agua. Já tem 1,5 tonelada esperado a Petrobrás vir buscar, mas tem mais material para retirar da Quinta Praia. Temos que torcer também para não chegar mais óleo durante a noite”, contou Antônio Berti. “Fiz a minha parte hoje [ontem] e se precisar vou fazer amanhã [hoje]. A gente precisa do turista, a gente vive disso”, avisava o condutor de bagagem Aloísio Ferreira, 44 anos, mostrando os chinelos ainda sujos.
ESFORÇOS
Após as visitas dos ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, ontem foi a vez do chefe da pasta da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, comparecer ao Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), no Comando do 2º Distrito Naval, em Salvador. Estava presente na reunião, o vice-governador João Leão, que representou o governador Rui Costa.
Apesar da cobrança de ações mais efetivas do Governo Federal, o ministro afirmou que a União toma medidas de combate ao óleo desde