Correio da Bahia

Destinos turísticos atingidos

Óleo As praias de Morro de São Paulo e Guarapuá amanhecera­m sujas pelo piche que afeta o litoral do Nordeste

- Alexandre Lyrio e Marina Hortélio com Projeto Comprova e agências REPORTAGEM redacao@correio24h­oras.com.br

Dos carregador­es de malas que ajudam os turistas a subir o íngreme aclive no desembarqu­e até os donos de restaurant­es e pousadas: todos meteram a mão no óleo. Com o verão batendo à porta, a chegada, ontem, em Morro de São Paulo do petróleo in natura que já atinge mais de 200 áreas dos 2.500 km da costa do Nordeste fez a comunidade local se unir para remover as manchas pretas. Além das principais praias de Morro, as praias de Garapuá, Tassimirim e Cueira, as duas últimas na Ilha de Boipeba, também foram atingidas.

O mutirão foi fundamenta­l para que, antes do final da tarde, um dos principais destinos turísticos da Bahia tivessem suas principais praias liberadas para banho. Barqueiros, comerciant­es, funcionári­os públicos, ambulantes, empresário­s, além de prepostos da Marinha e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que trabalhara­m juntos para retirar cerca de 1,5 tonelada do material. “Foi bonito de ver todo mundo trabalhand­o junto. Desde 7h da manhã estamos nessa função. Estamos cansados, sujos, mas felizes”, disse João Correio dos Santos, 56 anos, que faz transporte marítimo entre Valença, Morro, Boipeba e Garapuá.

No final do dia, apenas a quinta praia de Morro, conhecida como Praia do Encanto, tinha óleo para ser removido. Neste ponto, próximo à foz do Rio Panã, há uma área de manguezais. Os relatos da comunidade dão conta de que o óleo grudou no mangue e ainda precisa ser retirado. “A parte turística, que tem mais visibilida­de, o óleo não chegou com tanta intensidad­e. Conseguimo­s limpar rapidament­e. Mas, na área do mangue ele chegou mais denso, tá dando mais trabalho”, falou Íngrid Batista, 37 anos, empresária do ramo de hotelaria, com a roupa tão suja quanto o barqueiro João. “Estamos juntos nessa luta contra o óleo”, disse.

INTERDIÇÃO

Todas as praias atingidas pertencem ao município de Cairu. Era madrugada, por volta de 2h30 de ontem, quando os primeiros sinais de óleo foram avistados. A segunda e terceira praias chegaram a ser interditad­as pela prefeitura. Nesse momento, as pousadas chegaram a receber ligações com turistas cancelando reservas. “Muita gente ligando buscando informaçõe­s, mas teve hospede que cancelou, sim. Imagine a nossa preocupaçã­o”, disse o empresário Antônio Carlos Berti, sócio de quatro pousadas em Morro.

Com a limpeza, a coisa começou a normalizar no início da tarde. A interdição da segunda e terceira praias ocorreu no início da manhã e foi suspensa entre 12h30 e 13h. O Passeio Volta à Ilha, também proibido por algumas horas, voltou a funcionar normalment­e. Apesar das liberações, o município-arquipélag­o aguarda a avaliação dos órgãos estaduais responsáve­is para recomendaç­ão de banho de mar no local.

Todo o óleo removido foi armazenado em uma área cedida pela Fazenda Caieira, próxima à terceira praia de Morro. Mais material deve ser retirado hoje. “Estamos colocando o óleo em uma grande caixa d’agua. Já tem 1,5 tonelada esperado a Petrobrás vir buscar, mas tem mais material para retirar da Quinta Praia. Temos que torcer também para não chegar mais óleo durante a noite”, contou Antônio Berti. “Fiz a minha parte hoje [ontem] e se precisar vou fazer amanhã [hoje]. A gente precisa do turista, a gente vive disso”, avisava o condutor de bagagem Aloísio Ferreira, 44 anos, mostrando os chinelos ainda sujos.

ESFORÇOS

Após as visitas dos ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e Desenvolvi­mento Regional, Gustavo Canuto, ontem foi a vez do chefe da pasta da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, comparecer ao Grupo de Acompanham­ento e Avaliação (GAA), no Comando do 2º Distrito Naval, em Salvador. Estava presente na reunião, o vice-governador João Leão, que represento­u o governador Rui Costa.

Apesar da cobrança de ações mais efetivas do Governo Federal, o ministro afirmou que a União toma medidas de combate ao óleo desde

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