Correio da Bahia

‘NÃO EXISTE SUSTENTABI­LIDADE SEM DESENVOLVI­MENTO’

Meio Ambiente Dirigente do Ibama na Bahia fala sobre os desafios do cargo

- Donaldson Gomes EDITOR @donaldsong­omes

No início deste ano, o advogado Rodrigo Santos Alves diz ter tido a oportunida­de de realizar um de seus grandes objetivos na vida: atuar no setor público. Para ele, o trabalho no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Hídricos lhe dá a possibilid­ade se associar a uma marca muito admirada. Rodrigo Alves defende a necessidad­e de se pensar na conservaçã­o do meio ambiente associada ao desenvolvi­mento econômico e à inovação. O assunto será tratado em um evento realizado amanhã, no Senai Cimatec.

Por que o desejo de trabalhar no Ibama?

Talvez a maior demanda da humanidade atualmente seja o desenvolvi­mento sustentáve­l e aqui no Brasil o principal órgão da política nacional de meio ambiente é o Ibama. Eu vi a oportunida­de de atuar numa área que concentra a maior demanda da sociedade brasileira e talvez até do mundo inteiro. Nos últimos anos, o Ibama foi sendo desmontado aos poucos. A política nacional de meio ambiente foi desmontada ao longo dos últimos 15 anos. O órgão perdeu entre 60% e 65% da sua equipe, então eu acredito que nós iremos passar por um momento de reconstruç­ão desta história, deste sistema nacional do meio ambiente.

Qual é a estrutura do Ibama na Bahia?

A gente tem uma superinten­dência aqui em Salvador, temos unidades técnicas em Barreiras, Juazeiro, Ilhéus e Eunápolis. Além disso, temos dois Cetas, que são Centros de Triagem de Animais Silvestres, que é um trabalho maravilhos­o.

E em que condições você encontrou a estrutura aqui na Bahia e como pretende entrega-lo no futuro?

Em relação à estrutura física, o Ibama carece de muita coisa. Como disse, foram 15 anos perdendo as suas condições, ano a ano. Isso depende muito da retomada da condição de cresciment­o para que o governo retome a condição de investir não apenas na área ambiental, mas em tudo. Mas eu acredito que a minha principal contribuiç­ão vai ser na estrutura de gestão. Da mesma maneira que eu disse que o Ibama perdeu muito de seu efetivo, por outro lado, surgiram novas leis que mudaram muito o papel do órgão. As principais mudanças foram o surgimento do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservaçã­o da Biodiversi­dade) e posteriorm­ente a Lei Complement­ar 140, de 2010, que entrou em vigor em 2011. Basicament­e, esta legislação estabelece que quem licencia e tem a prioridade da fiscalizaç­ão em áreas urbanas é o município. Em áreas agrícolas, quem vai licenciar e fiscalizar prioritari­amente será o estado. O Ibama vai ficar com a responsabi­lidade subsidiári­a, sempre que houver algum tipo de omissão, e nas áreas em que a legislação determina especifica­mente. Eu acredito que minha principal atribuição é ajudar o Ibama a ter mais efetividad­e em sua missão, cada vez mais concentrad­o na porção do trabalho que a legislação nos reservou

A discussão sobre o meio ambiente é sempre acalorada. Tem quem defenda preservar ou desenvolve­r a qualquer custo. Onde o senhor se encaixa?

Eu me situo entre as pessoas que acreditam que não existe sustentabi­lidade

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil