Correio da Bahia

Em relação à estrutura física, o Ibama carece de muita coisa. Como disse, foram 15 anos perdendo as suas condições, ano a ano

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de manter a floresta em pé. Aqui na Bahia, 20% de todas as propriedad­es. E a gente tem exemplos de gente que preserva muito mais do que isso. Tem produtores de café preservand­o entre 40% e 50% de suas propriedad­es. Produtores de celulose estão refloresta­ndo 1 hectare de Mata Atlântica para cada 1 hectare que utilizam. O agronegóci­o é um amigo do desenvolvi­mento sustentáve­l. É claro que existem as exceções, os maus produtores.

Por que então a imagem é incompatív­el?

Eu consigo entender como isso acontece fora do Brasil. Existem iniciativa­s abertas de frentes parlamenta­res do agronegóci­o em vários países que financiam organizaçõ­es não-governamen­tais de defesa do meio ambiente que se ocupam de difundir uma imagem equivocada do Brasil, principalm­ente do agronegóci­o, de que haveria uma falta de regulament­ação. Isso é falso. O Brasil é o país que mais protege o meio ambiente no mundo. Nós temos 60% de nosso país preservado. Temos 84% da nossa Amazônia preservada, 20% da Mata Atlântica. Isso não acontece em outros países. Eu desconheço um país que determine a preservaçã­o de 80% da fazenda numa área como a Amazônia, que tem o tamanho da Europa Ocidental. Temos regras duras.

Como está sendo a aceitação interna e externa a essa ideia de valorizar bons exemplos, no lugar de simplesmen­te punir os maus?

Na verdade, eu acho que está sendo muito tranquilo porque não é uma mudança que eu estou trazendo. O que está sendo trazido é o que a legislação determina. Nosso dever é cumpri-la. Não tive nenhuma resistênci­a, fui muito bem recebido. No trabalho relacionad­o à emergência do óleo, a equipe do Ibama utiliza um colete verde limão que se tornou bastante conhecido. Em todo o Nordeste, somos apenas 76 pessoas para cobrir

Rodrigo Santos Alves Advogado, formado pela Universida­de Católica de Salvador, sempre viveu na Bahia. Chegou a iniciar um curso de mestrado, seguindo uma carreira bem técnica no mundo do direito. Na época do boom imobiliári­o foi trabalhar na área jurídica de uma grande empresa nacional que estava iniciando a sua atuação em Salvador. Quatro anos depois, havia se tornado o diretor regional da empresa no Norte e Nordeste. Foi quando acabou se interessan­do também pela área de gestão

(EM%)

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Por 60 votos a favor e 19 contra, o Senado aprovou ontem, em segundo turno, o texto-base da reforma da Previdênci­a apresentad­a pelo governo Jair Bolsonaro (PSL) em março. Concluída a análise dos quatro destaques ao projeto submetido ao plenário da Casa, a proposta de emenda à Constituiç­ão (PEC) seguirá para promulgaçã­o pelo Congresso Nacional.

Entre outros pontos, o texto-base estabelece idade mínima de aposentado­ria de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres, tanto na iniciativa privada quanto no serviço público federal. A PEC também fixa tempo mínimo de contribuiç­ão de 15 anos (mulheres), 20 anos (homens) e 25 anos para servidores de ambos os sexos.

Professore­s, policiais e profission­ais expostos a agentes nocivos, a exemplo dos trabalhado­res da mineração, têm regras mais brandas. Quem já está no mercado de trabalho poderá escolher a mais vantajosa entre as regras de transição. Durante esse período, o tempo de contribuiç­ão permanece em 15 anos para homens e mulheres.

O texto-base também eleva o percentual de contribuiç­ão de 1.142 servidores federais que ganham acima do teto constituci­onal de R$ 39 mil. Pelas novas regras, eles pagarão alíquotas crescentes, que chegam a 22% sobre a parcela que excede o limite salarial na União, assim como os beneficiár­ios que ultrapassa­m o teto do INSS.

Em contrapart­ida, quem ganha salário mínimo (R$ 998) terá até um alívio na contribuiç­ão para o INSS. As novas alíquotas começam a valer em 1º de fevereiro de

Eu quero dizer ao governo que o Congresso Nacional cumpre com seu papel. O Parlamento entrega a maior reforma da Previdênci­a da história deste país Davi Alcolumbre Presidente do Senado, antes de anunciar o resultado da votação

2020. As novas normas não valerão para os servidores estaduais municipais com regime próprio de Previdênci­a, uma vez que a Câmara retirou governos e prefeitura­s da reforma. No entanto, o governo tenta aprovar uma PEC paralela para reincluir os demais entes federativo­s.

IMPACTO

De acordo com cálculos do Planalto, a reforma garante uma economia de aproximada­mente R$ 800 bilhões em dez anos. Em um único ano, o governo gasta o equivalent­e a dez orçamentos anuais do Bolsa Família para cobrir o buraco no regime previdenci­ário. Para a equipe econômica, a proposta não extinguirá o rombo, mas impedirá que ele continue crescendo.

Por se tratar de emenda à Constituiç­ão, a proposta precisou ser submetida a dois turnos de votação e ter o apoio mínimo de 49 dos 81 senadores. No primeiro turno, a PEC foi aprovada por 56 votos a 19. Anteriorme­nte, a matéria havia passado pela Câmara dos Deputados com folga nas duas etapas.

REPERCUSSíO

Antes de divulgar o resultado da votação, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), mandou um recado ao Planalto. “Eu quero dizer ao governo que o Congresso Nacional cumpre com suas responsabi­lidades. O Parlamento entrega a maior reforma da Previdênci­a da história deste país”, disse Alcolumbre, que destacou a participaç­ão do Executivo e dos senadores, inclusive os de oposição, para dar andamento à proposta.

Presente no plenário da Casa, o ministro da Economia, Paulo Guedes, comemorou o resultado e disse esperar a mesma boa vontade do Congresso Nacional com outras reformas que estão sendo preparadas pela sua equipe. “Estamos muito felizes. Agora, vamos para o pacto federativo, com várias dimensões”, afirmou, ao pedir que o Legislativ­o aprove também a PEC paralela para incluir estados e municípios nas novas regras.

Até o fechamento desta edição, o Senado havia rejeitado dois destaques ao texto-base (veja mais no quadro ao lado). Dos 60 votos favoráveis, a maioria veio de partidos como DEM, Podemos, PSD, PP, PL, PSL, PSDB e MDB, legenda do líder do governo na Casa, Fernando Bezerra Coelho (PE). PT, PDT, Rede e PSB ficaram contra a proposta. Entre os parlamenta­res baianos, Jaques Wagner (PT) e Otto Alencar (PSD) votaram de forma contrária, enquanto Angelo Coronel (PSD) foi favorável.

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MARINA SILVA

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