Witzel descarta renúncia; Bolsonaro elogia PF
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), negou que tenha cometido irregularidades e afirmou que o ministro do STJ Benedito Gonçalves, que autorizou a operação Placebo, foi induzido a erro pelos investigadores. O governador classificou a investigação como um ato de perseguição política do presidente Jair Bolsonaro, seu adversário, e avaliou que o mesmo pode acontecer com outros governadores que têm feito oposição ao mandatário. "O que aconteceu comigo vai acontecer com outros governadores considerados inimigos. Narrativas fantasiosas, investigações precipitadas", disse.
Wilson Witzel reuniu-se com secretários na tarde de ontem no Jardim de Inverno do Palácio Guanabara. No encontro, afirmou que não renunciará ao cargo e reiterou que está sofrendo ataque político da família Bolsonaro.
Ao ser questionado sobre o cumprimento de mandados de busca e apreensão contra Witzel, ontem pela manhã, Bolsonaro sorriu e deu "parabéns" à PF. À noite, afirmou que não teve nada a ver com a operação, que não tem ingerência sobre o STJ e provocou Witzel. "Tem gente preocupada, querendo botar a culpa em mim, falando do meu filho", afirmou o presidente. A operação foi comemorada no Palácio do Planalto e vista como um "troco" no adversário.
Witzel e Bolsonaro não foram os únicos que politizaram a operação policial de ontem. O líder do PSB na Câmara dos Deputados, Alessandro Molon (RJ), disse que vai pedir investigação ao Ministério Público Federal (MPF) sobre o suposto vazamento da operação Placebo, à deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP). Na noite de segunda-feira, a parlamentar havia dito, em entrevista à Rádio Gaúcha, que a PF estava prestes a deflagrar operações para investigar irregularidades cometidas por governadores durante a pandemia da covid-19.
Ontem, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo , Carla negou que tenha recebido informações da investigação. "Dia 21 de maio saiu um avião da PF daqui (de Brasília) para o Rio de Janeiro. Houve uma operação anterior a essa. Então, era meio óbvio que fossem acontecer outras operações", disse a deputada.