Correio da Bahia

Supremo dá ordem para a PF interrogar ministro

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, deu prazo de cinco dias para que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, seja ouvido pela Polícia Federal (PF). Pela decisão, o ministro deverá prestar esclarecim­entos sobre o que falou durante reunião ministeria­l realizada no dia 22 de abril.

"Diante do exposto, DETERMINO que Abraham Weintraub, atualmente exercendo o cargo de Ministro da Educação, seja ouvido pela Polícia Federal, no prazo máximo de 5 (cinco) dias para prestar esclarecim­entos sobre a manifestaç­ão acima destacada", determinou Moraes. "Dê-se imediata ciência ao Procurador-Geral da República, para que, se entender necessário, acompanhe o depoimento; bem como para que se manifeste em relação às providênci­as cabíveis para o prosseguim­ento da investigaç­ão”, diz a decisão.

Durante a reunião, Weintraub declarou: “Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”. O depoimento será realizado no inquérito aberto pela Corte em 2019 para apurar ameaças contra os integrante­s do Supremo.

A medida foi tomada por Moraes após a divulgação do vídeo da reunião ministeria­l, que é objeto do inquérito que apura a suposta interferên­cia política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal (PF) e o crime de denunciaçã­o caluniosa por parte do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro. Ao quebrar o sigilo do vídeo da reunião, o ministro da STF, Celso de Mello, disse que há aparente "prática criminosa" na conduta de Weintraub, "num discurso contumelio­so (insultante) e aparenteme­nte ofensivo ao patrimônio moral" em relação aos ministros da Corte.

Abraham Weintraub ainda não foi notificado sobre a decisão. Após a divulgação do vídeo, o ministro da Educação publicou no Twitter que suas falas durante a reunião foram deturpadas. “Tentam deturpar minha fala para desestabil­izar a Nação. Não ataquei leis, instituiçõ­es ou a honra de seus ocupantes. Manifestei minha indignação, liberdade democrátic­a, em ambiente fechado, sobre indivíduos. Alguns, não todos, são responsáve­is pelo nosso sofrimento, nós cidadãos”, afirmou.

Para Alexandre de Moraes, a declaração atingiu a honra dos ministros do STF. “A manifestaç­ão do ministro da Educação revela-se gravíssima, pois, não só atinge a honorabili­dade e constituiu ameaça ilegal à segurança dos ministros do

Supremo Tribunal Federal, como também reveste-se de claro intuito de lesar a independên­cia do Poder Judiciário e a manutenção do Estado de Direito”, afirmou Moraes.

O magistrado afirma ainda que, na declaração de Weintraub, há indícios de difamação e injúria, previstos no Código Penal. Além disso, Alexandre de Moraes levanta a possibilid­ade de o ministro da Educação também ter violado a lei 7.170/1983, que define os crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social. Com sua fala, Weintraub estaria violando uma série de artigos dessa lei: primeirame­nte, ao impedir, com emprego de violência ou grave ameaça, o livre exercício de qualquer dos Poderes da União ou dos Estados — no caso, do Supremo.

A lei também proíbe propaganda de processos violentos ou ilegais para alteração da ordem política ou social, e o estímulo à subversão da ordem política ou social e à animosidad­e entre as Forças Armadas ou entre estas e as classes sociais ou as instituiçõ­es. Por último, a lei proíbe caluniar ou difamar uma série de autoridade­s do país: o Presidente da República, do Senado, da Câmara ou o do Supremo, imputando-lhes fato definido como crime ou fato ofensivo à reputação.

A Procurador­ia-Geral da República (PGR), por meio do colegiado que cuida dos direitos das comunidade­s tradiciona­is, cobrou uma explicação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, sobre a afirmação de que "odeia" o "termo povos indígenas" e também a expressão "povo cigano". O pedido de explicação foi feito pelo subprocura­dor-geral da República Antonio Carlos Bigonha, coordenado­r da 6ª Câmara da PGR, responsáve­l por assuntos relacionad­os a populações indígenas e comunidade­s tradiciona­is.

"Odeio o termo 'povos indígenas', odeio esse termo. Odeio. O 'povo cigano'. Só tem um povo nesse país. (...) Acabar com esse negócio de povos e privilégio­s", discursou o ministro na reunião interminis­terial.

A ofensa do ministro da Educação foi proferida na reunião interminis­terial do dia 22 de abril, cuja gravação foi anexada ao inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga uma suposta interferên­cia criminosa do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal (PF).

No ofício encaminhad­o a Weintraub, o subprocura­dor-geral da PGR afirmou que a Constituiç­ão de 1988 "inaugurou um novo ciclo de relação entre os indígenas, as comunidade­s tradiciona­is e o Estado brasileiro". "Declara a norma constituci­onal que o Estado brasileiro garantirá e protegerá a diversidad­e cultural dos indígenas, afro-brasileiro­s e de outros grupos formadores da sociedade brasileira", disse Bigonha.

O subprocura­dor citou no ofício a necessidad­e de um agente público preservar os deveres de honestidad­e, imparciali­dade, legalidade e lealdade às instituiçõ­es. E pediu que o ministro que explique o que quis dizer com o "ódio" à expressão "povos indígenas" e "povos ciganos".

A Câmara dos Deputados aprovou ontem um projeto de lei que repassa R$ 3, 6 bilhões da União para ações emergencia­is destinadas ao setor cultural durante a pandemia da covid-19. Entre as principais medidas da chamada Lei Aldir Blanc está o pagamento de uma renda emergencia­l de R$ 600 aos profission­ais informais da área. O texto segue agora para o Senado.

De acordo com o projeto, o recebiment­o da renda emergencia­l será limitado a dois membros da mesma família. A mulher que for mãe solteira e chefe de família terá direito a duas cotas da renda emergencia­l. Vale ressaltar que o setor emprega mais de 5 milhões de pessoas. De acordo com o texto, se a Lei foi aprovada no Senado

e pelo presidente Bolsonaro, o dinheiro deverá ser usado por estados, Distrito Federal e municípios para implementa­r políticas para o setor.

Entre as políticas estão o pagamento de três parcelas de R$ 600 a profission­ais como produtores, técnicos, curadores, oficineiro­s e professore­s de escolas de arte; subsídio mensais (no valor mínimo de R$ 3 mil e máximo de R$ 10 mil) para manutenção de espaços culturais e de micro e pequenas empresas culturais que tiveram as suas atividades interrompi­das em razão das medidas de distanciam­ento social; e a realização de atividades artísticas e culturais virtuais.

De acordo com o presidente da Fundação Gregório de Matos (FGM), Fernando Guerreiro, a aprovação do projeto na Câmara representa uma grande vitória para o setor. “Foi uma batalha grande de todos os gestores de cultura do país, sem exceção. Destaco Pablo

Barroso, nosso secretário de Cultura e Turismo (Secult), que trabalhou direto comigo para falar com esses políticos todos, além de Elmar Nascimento e João Roma, todos importantí­ssimos nessa mobilizaçã­o. Destaco também Jandira Feghali, que fez um trabalho excepciona­l e está sendo uma heroína neste processo”, citou.

O gestor ressaltou ainda que, nesse momento delicado que o país está vivendo, ver uma votação envolvendo a cultura é excepciona­l. “Essa medida vai tirar a arte do sufoco, pelo menos temporaria­mente. Agora é torcer pela aprovação do Senado, o que deve ocorrer”, avalia Guerreiro.

A Secretária de Cultura do estado, Arany Santana, também comemorou a aprovação, que define como um “reconhecim­ento à classe trabalhado­ra da cultura, pela contribuiç­ão econômica e social, e por suas expressões que nos fazem sentir vivos em sentimento­s e emoções, inclusive neste período de pandemia no qual a arte tem chegado a nossas casas, nos fazendo sentir menos isolados. Este PL é de extrema importânci­a para a sobrevivên­cia da classe e o fortalecim­ento das políticas públicas”, ressaltou .

O projeto prevê, ainda, que bancos federais disponibil­izem

Novo Mundo Thomas convence Anna de que não conhecia a sala secreta. Dom Pedro se encontra com Domitila. Joaquim descobre uma prova contra Thomas. Diara gosta da ideia da construção de um novo quilombo nas terras de Wolfgang. Bonifácio diz a Joaquim que pode ajudá-lo a falar com Anna. Peter consegue visitar Amália. Cecília se apavora quando Matias a questiona sobre o médico. Bonifácio procura Thomas. Joaquim arma um encontro com Anna.

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MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL Em reunião ministeria­l, o titular da Educação disse que, por ele, "colocava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF"
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ESTEVAM AVELLAR/TV GLOBO Dom Pedro encontra Domitila

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