Correio da Bahia

PRIMEIRA VEZ NA HISTÓRIA SEM CORTEJO

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lembrava nem de longe as ruas cheias para celebrar uma das principais festas da Bahia. Nada de fanfarras e estudantes de uniforme. Nada de gente fantasiada dos heróis da independên­cia. Nem da multidão atrás dos caboclos. Os carros até deixaram o barracão, mas não teve desfile.

Esse ano teve hino, hasteament­o das bandeiras do Brasil, da Bahia, e de Salvador e a deposição de flores no monumento ao General Labatut, em homenagem àqueles que deram a vida pela liberdade do povo baiano.

O governador Rui Costa comparou a luta de 1823 com o cenário atual da pandemia: "Essa é uma festa importante. Em 1823, a independên­cia do Brasil se materializ­ou, se concretizo­u aqui na Bahia. E no Brasil de hoje vivemos outra batalha, a luta contra um ser invisível que a ciência ainda busca explicar o seu modus operandi. Essa é uma batalha que tem sido longa demais e infelizmen­te o Brasil não escolheu a estratégia

Pela primeira vez na história, o desfile do Dois de Julho não aconteceu. Membro do Programa de Pós-Graduação em História da Universida­de Federal da Bahia e devoto do caboclo, o historiado­r Milton Moura explicou que, desde 1824, um ano após a guerra de independên­cia na Bahia, as comemoraçõ­es cívicas sempre tiveram participaç­ão popular. “Mesmo quando o caboclo não participou, em 1923, pois o substituír­am pelo Senhor do Bonfim, o povo esteve presente. Essa devoção e reconhecim­ento do povo ao caboclo é o grande motivador para essa participaç­ão”, diz. O próprio professor fez questão de ir à Lapinha, por volta das 12h, após a cerimônia. “Vivo intensamen­te essa devoção. Mesmo que morasse em outra cidade, estaria com o coração aqui", afirmou.

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MARINA SILVA Fiéis assistiram ao ato cívico por detrás da grade de isolamento

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