TRÊS ESTRATÉGIAS
Isolamento social é, em princípio, uma sugestão preventiva para todos para que as pessoas fiquem em casa Quarentena é uma determinação oficial de isolamento decretada por um governo Lockdown é uma medida de bloqueio total que, em geral, inclui também o fechamento de vias e proíbe deslocamentos e viagens não essenciais
Sobrevivi Hoje, eu faço 47 anos. E como a maioria dos 82 mil baianos infectados até sábado (4), sobrevivi à covid-19. Aquela que já é considerada a pior pandemia do século XXI marcará a vida da humanidade, sim, de diversas maneiras. Muitas dessas histórias são imensamente tristes. Essa é a minha história. Uma história de dor física, psicológica mas também de solidariedade e, principalmente, de superação! Numa noite nos primeiros dias de maio, senti um leve desconforto para respirar. Puxava, mas o ar não vinha. No dia seguinte, percebi que estava, de fato, com falta de ar e era um sintoma muito sugestivo para ficar em casa.
Procurei num dos serviços digitais de monitoramento do coronavírus do governo do Estado e fui aconselhada pelos médicos a procurar uma unidade de saúde mais próxima de casa. Estava sozinha e teria de enfrentar isso sozinha, afinal já era 1h30 da madrugada e eu morava só. Peguei um Uber na portaria do condomínio. Cheguei à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e fui imediatamente atendida. A médica no plantão, apesar de muito jovem, demonstrava uma segurança e firmeza impressionantes. Conversou sobre a saturação de minha respiração, sobre a grande quantidade de pacientes entubados e, para afastar qualquer possibilidade de ser uma crise de ansiedade, pediu um raio-x do tórax.
Tudo muito rápido, inclusive o resultado: infecção respiratória com suspeita para covid-19. No raio-X, a médica ainda pôde me mostrar as lesões que já havia em meu pulmão. Me receitou azitromicina, teste RT-PCR e 14 dias de isolamento social total e me mandou para casa. Incrédula e trêmula, fiz tudo no automático. Quando saí da UPA, quase 3h da manhã, sem transporte, é que me dei conta de que, na minha vida, nada mais era normal. Liguei para dois amigos, mas nenhum estava em Salvador. Quando deu 4h da manhã, lembrei que em Canterberry, na Inglaterra, já eram 8 horas. E era lá que estava minha irmã mais velha, Marivane, aquela que toda a minha vida, esteve ao meu lado. Ela pediu o endereço da UPA e mandou esperar um pouco. Em menos de uma hora, para um motorista, num carro branco, e pergunta: “você é Mariana? Eu vim te buscar”. Entrei no Uber já aos prantos.
Era quarta-feira. Às 6 da manhã, já estava em casa, com o medicamento comprado e entregue via delivery. Minha família toda se mobilizou para me dar apoio. Meus pais, distantes, apenas choravam e rezavam. Minhas irmãs e meus sobrinhos providenciaram tudo o que eu precisasse para não passar por dificuldade. A partir daí, começou a agonia pelo monitoramento diário de meus sintomas. Dor no peito, calafrios imensos, dores abdominais de me fazerem gritar. E diarreia, muita diarreia. Cada dia, um sintoma novo. E um medo diferente. Noite e dia se fundiram nas minhas jornadas diárias que incluíam apenas