Exame de Bolsonaro indica covid-19
O presidente Jair Bolsonaro informou ontem que contraiu a covid-19. Divulgado pelo Planalto, o exame foi feito na segunda-feira, 6, sem codinome para identificação do laudo, ao contrário dos três testes anteriores. O resultado positivo do chefe do Executivo ganhou repercussão internacional e obrigou a cúpula do governo a também fazer novos testes.
Nos últimos dias, Bolsonaro teve contato com pelo menos 55 pessoas, entre políticos, empresários e autoridades. Em alguns desses encontros, o presidente não usou máscaras e apertou as mãos ou abraçou alguns dos seus interlocutores. Ao menos treze ministros que se encontraram com o presidente também fizeram exames nos últimos dias.
Em entrevista a jornalistas de TVs no Palácio da Alvorada, o presidente afirmou que já iniciou o tratamento com hidroxicloroquina, medicamento sem eficácia comprovada contra a doença, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Bolsonaro tem 65 anos e faz parte do grupo de risco da doença.
Ele disse que não está sofrendo com os sintomas mais graves e atribui o resultado ao uso precoce do medicamento. “Então, eu confio na hidroxicloroquina. E você?”, disse, em vídeo divulgado nas redes sociais. O presidente tem minimizado os riscos da doença, que já chamou de “gripezinha”.
Já disse que não teria problemas por ter “histórico de atleta” e classificou a pandemia de “histeria”.
Ele cancelou os compromissos previstos para os próximos 15 dias, mas pretende continuar trabalhando da residência oficial. “Vou ficar despachando por videoconferência. E assinar alguns papéis aqui”, afirmou.
Ao anunciar a jornalistas que foi infectado pela covid-19, o presidente chegou a tirar a máscara no fim da entrevista. “Estou bem, graças a Deus. Os que criticaram também, não tem problema, podem continuar criticando à vontade”, disse.
Ele voltou a comparar a infecção pelo coronavírus a uma chuva: “O que eu posso falar para todo mundo aqui. Esse vírus é quase como, eu já dizia no passado e era muito criticado, era como uma chuva, né, vai atingir você, né? Alguns, não. Alguns tem que tomar um maior cuidado com esse fenômeno por assim dizer”, afirmou.
Os primeiros sintomas da doença, de acordo com o relato do presidente, começaram ainda no domingo. No sábado, Bolsonaro foi a Santa Catarina sobrevoar área atingidas por um ciclone e se encontrou com autoridades locais. No mesmo dia, ele esteve na residência do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Todd Chapman, com ministros e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República.
Ele não usou máscara e se confraternizou com abraços, de acordo com imagens divulgadas pela Presidência da República. “Começou domingo com uma certa indisposição e se agravou durante o dia de segunda-feira com mal-estar, cansaço, um pouco de dor muscular e a febre no final da tarde chegou a bater 38 graus (Celsius)”, contou. “Daí, com o médico da Presidência e com os sintomas apontando para a covid-19, fomos fazer uma tomografia no Hospital das Forças Armadas”, afirmou.
Domingo, Bolsonaro já havia feito um exame dos pulmões, no Hospital das Forças Armadas, e disse a apoiadores que estava “tudo limpo”.
O período de incubação do novo coronavírus varia de 2 a 14 dias, mas é mais comum que os sintomas se manifestem entre o quinto e o sétimo dia após a infecção, segundo estudos mais recentes.
The New York Times destacou que o presidente brasileiro "é cético quanto às precauções antivírus".
The Washington Post reproduziu um texto em que Bolsonaro é descrito como “um populista de 65 anos conhecido por se misturar na multidão sem cobrir o rosto”.
The Guardian destacou que Bolsonaro “banalizou repetidamente a pandemia e desrespeitou o distanciamento”
Financial Times disse que “Bolsonaro há muito nega a seriedade da pandemia”
Le Monde ressaltou que Bolsonaro “minimizou a doença” diversas vezes
Depois de quase quatro meses de pandemia, Salvador começa a esquematizar os primeiros passos para a retomada das atividades econômicas. O planejamento foi divulgado na manhã de ontem, em entrevista coletiva conjunta do governador Rui Costa (PT) e do prefeito ACM Neto (DEM). Os setores foram divididos em três grandes grupos e cada um vai começar a funcionar de acordo com a taxa de ocupação dos leitos para pacientes com covid-19.
As regras são simples. Até a a última segunda-feira (6), Salvador estava com 79% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ocupados. A primeira fase será ativada quando esse número cair para 75% e permanecer assim por cinco dias seguidos. Governo e prefeitura estimam que isso irá ocorrer até o final do mês de julho, porque novos leitos serão inaugurados nos próximos dias.
Quando a taxa estiver em 75% vão poder voltar a funcionar as atividades econômicas da fase 1: shoppings centers, centros comerciais, lojas com mais de 200 metros quadrados, templos religiosos e igrejas e drive in. A reabertura não significa liberação total. Os shoppings, por exemplo, vão funcionar de segunda-feira a sábado, das 12h às 20h. E as lojas de rua de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h.
Segundo o prefeito ACM Neto, o objetivo é evitar tumulto no transporte público. “A gente foi escalonando os horários exatamente para não haver confusão no transporte público de uma vez só. Estamos tentando escapar dos horários de pico. Vejam que a abertura e o fechamento dos shoppings acontecem antes e depois do horário de pico para não combinar com outras atividades econômicas e não gerar confusão no transporte público”, afirmou o gestor.
Ainda no exemplo dos shoppings, as praças de alimentação vão operar apenas no sistema delivery e de take away (quando o cliente retira o alimento no restaurante). Não será permitido, ao menos nessa primeira fase, que as pessoas ocupem mesas e cadeiras para lanchar ou almoçar.
Os estacionamentos acima de dez vagas só poderão operar com 50% da capacidade, e os shoppings terão que respeitar o limite de 5 metros quadrados por pessoa em cada loja. Todos os trabalhadores precisam ser testados para a Covid-19 a cada 21 dias. Os shoppings terão responsabilidade solidária pelo cumprimento dos protocolos junto aos lojistas.
Quando o número de leitos ocupados em Salvador estiver em 70%, e permanecer assim por cinco dias seguidos, será o momento de ativar a fase 2. Reabrem academias de ginástica, barbearias, salões de beleza, centros culturais, museus, galerias de arte, e tem início a etapa 2 da primeira fase. Será nesse momento também que bares e restaurantes voltarão a funcionar.
A terceira e última fase só vai entrar em operação quando a taxa de ocupação estiver em 60% e permanecer assim por cinco dias consecutivos. Aí entram em funcionamento parques de diversão e temáticos, teatros, cinemas, casas de espetáculos, clubes sociais, recreativos e esportivos, e centros de eventos e convenções.
A divisão das atividades nessas três fases levou em consideração o risco de transmissão do novo coronavírus e a importância econômica de cada uma delas. Mas o governador e o prefeito frisaram que cada seguimento tem protocolos específicos de funcionamento que terão que ser seguidos à risca, e que caso haja necessidade o serviço pode voltar a ser suspenso.
No caso das praias e das escolas, a prefeitura informou que está sendo feita uma análise à parte e que essas atividades terão protocolos independentes das três fases anunciadas ontem. ACM Neto contou que o planejamento foi feito em conjunto pelas equipes da prefeitura e do governo, e finalizado na manhã do último domingo.
“Não tenho dúvida que a decisão de fazermos um protocolo conjunto foi a mais acertada. Poucos estados e capitais do Brasil juntaram as suas equipes técnicas para apresentar um único plano. Os últimos dias foram de muito trabalho e muito diálogo, e gostaria de agradecer as equipes da prefeitura e do governo do estado pelo resultado. O protocolo que será me
O coordenador regional para Bahia da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Edson Piaggio, afirmou ao CORREIO que a entidade já havia preparado um protocolo, que recebeu o aval da equipe de infectologia do Hospital Sírio-Libanês, apontando diretrizes de funcionamento para os shoppings, que, nas palavras dele, oferece "um dos lugares mais seguros que se pode ir".
O protocolo encomendado pela Abrasce prevê medição de temperatura de todos no shopping, orientação e informação de como se comportar no interior e fora das dependências dos estabelecimentos e limitação no fluxo de pessoas dentro dos corredores e no interior das lojas.
Já o presidente da Federação do Comércio (Fecomércio-BA), Carlos Andrade, entende que Salvador tem infraestrutura para reabrir suas atividades da primeira fase antes dos 75% e diz que durante os próximos cinco dias vai tentar negociar com município e estado uma revisão desse número.
"Nós priorizamos a vida e valorizamos que todas as equipes do poder público estão dialogando conosco. No entanto, entendemos que Salvador tem uma capacidade de reabrir suas atividades com toda a cautela possível", diz.
O prefeito ACM Neto disse que as decisões que estão sendo tomadas pela prefeitura e governo do estado são técnicas, acompanham os critérios científicos. "Não é a minha vontade como gestor, a vontade do governador. A nós cabe mediar", explicou Neto. "O foco é assegurar que não haja falta de leito hospitalar para atender a todos os pacientes que precisem".
ACM Neto anunciou que com ajuda do governo vai aumentar em 75 leitos de
UTI para covid-19 em Salvador. A prefeitura vai disponibilizar os respiradores e ajudar nos custos para instalar 25 leitos no hospital de campanha na Arena Fonte Nova. Ele destacou também que serão disponibilizados 350 leitos clínicos para tratamento de pacientes com problemas respiratórios;