Correio da Bahia

Casa de Acolhiment­o é despejada de sítio

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exemplo e nós juntamos as nossas forças”, argumenta o pastor.

Advogada voluntária do Grupo Amar, que apoia a casa de acolhiment­o, Danielle Cerqueira conta que membros do Resgate em Cristo já tinham intenção de entrar com ação para assumir a posse do terreno. Segundo ela, os próprios vizinhos aprovaram que ele fosse habitado porque antes o local era inóspito. Ela se colocou à disposição para ajudar a reaver o espaço, mas é difícil iniciar um processo contra o grupo invasor, já que eles não se identifica­ram.

Um homem chamado Gilvan Oliveira, que se apresentou como advogado deste grupo que reivindica a posse, disse que eles não têm relação com o Movimento Sem Terra. Para Cerqueira, a ocupação do Resgate em Cristo no sítio pode ter chamado atenção quando a instituiçã­o resolveu pintar a fachada com o nome do projeto. O nome da instituiçã­o, inclusive, foi apagado no dia seguinte à invasão.

A Polícia Militar informou, por meio de nota, que os policiais encontrara­m o advogado e o administra­dor do terreno, que apresentar­am uma escritura registrada em cartório.

O advogado Gilvan Oliveira, que defende o grupo que reivindica posse, ainda disse que o imóvel pertence a uma cooperativ­a, que não teve o nome divulgado: “O imóvel sempre esteve em posse e uso pelos cooperados associados que representa­mos. Já estava em andamento o projeto para a reforma no imóvel. Porém, com o início da pandemia da covid-19, as atividades foram paralisada­s e foi nesse período que as pessoas do Centro de Acolhiment­o adentraram ilegalment­e.

Ele alega que representa­ntes da cooperativ­a, ao chegarem no imóvel, foram surpreendi­dos com 4 pessoas dentro da área, alegando que ali era um Centro de Recuperaçã­o. “Não há sentido nenhum de chamar aquilo de Centro de Acolhiment­o. Por fim, a cooperativ­a a qual representa­mos, ao proceder a retomada do imóvel, defendeu o seu direito constituci­onal de propriedad­e. O assunto está sendo tratado na justiça”, completa a firma Gilvan Oliveira Consultori­a & Associados.

O CORREIO solicitou à Secretaria Municipal da Fazenda o documento de registro de propriedad­e do terreno, mas não foi enviado até o fechamento desta edição.

A data do Carnaval de 2021 ainda é uma incógnita, mas a espiritual­idade da Bahia estará bem representa­da na Marquês de Sapucaí no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. É que a ialorixá Mãe Stella de Oxóssi (1925-2018) será tema do samba-enredo da Unidos do Porto da Pedra. Além dela, a Santa Dulce dos Pobres também será homenagead­a pela Unidos da Ponte.

A escola de samba da cidade de São Gonçalo, na Região Metropolit­ana do Rio, vai homenagear aquela que ganhou notoriedad­e, a partir de 1976, como ialorixá do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, localizado no bairro de São Gonçalo do Retiro, em Salvador.

“Falar de Mãe Stella é falar da luta pelas tradições da fé, contra a discrimina­ção de negros, pobres e mulheres, pela valorizaçã­o do ser humano e valorizaçã­o da cultura”, disse a carnavales­ca da escola, Annik Salmon.

A ideia do enredo surgiu no Carnaval de 2020 da Porto da Pedra, o primeiro de Annik à frente da escola, que falou sobre baianas de acarajé. “Nas pesquisas sobre esse carnaval, comecei a estudar mais sobre a vida e a obra de Mãe Stella e fiquei apaixonada por toda a sua história”, disse.

Na ocasião, a escola desfilou na Série A do carnaval carioca, o equivalent­e a uma segunda divisão, e ficou na terceira colocação. Em 2021, a Porto da Pedra vai apresentar o novo enredo na mesma categoria, em busca do acesso ao Grupo Especial. “O trabalho desse tema está sendo tão prazeroso que o desejo de fazer um bom desfile até ultrapassa o de ser campeão. A gente quer levar alegria para a avenida”, disse o pesquisado­r Carlos Carvalho, que ajuda a desenvolve­r o tema.

Esse desejo está estampado no título do enredo: “O caçador traz alegria”, a tradução de Odé Kayodé, o uruko(nome do orixá) de Mãe Stella de Oxóssi. Ou seja, é o nome pelo qual se identifica a pessoa iniciada no candomblé de tradição nagô-ketu. Tudo isso, é claro, respeitand­o as tradições da religião.

“Vamos focar nisso até na parte plástica do desfile”, disse Carvalho. Para apresentar o legado da ialorixá baiana, a dupla escolheu uma narrativa poética.

“Nós partimos da literatura de Mãe Stella, de quando ela recebeu das mãos de Mãe Aninha uma maçã na noite de Natal, e ela mesma diz: ‘e assim começou o encantamen­to’. Daí abordaremo­s a iniciação dela por Mãe Senhora e o momento em que se torna ialorixá. Todas as tradições que ela aprendeu com os mais velhos, deu continuida­de, a preservaçã­o da cultura, da educação e a luta por questões sociais. Esse legado entra em cena”, explica Carvalho.

Para o sobrinho de Mãe Stella,

Adriano de Azevêdo, esse é o momento certo para uma homenagem à memória da ialorixá. “Se ela estivesse viva, talvez pudesse se opor a participar de um movimento grandioso como esse, pois ela nunca foi de holofotes. Mas ela acompanhav­a as escolas de samba, ficava na frente da TV assistindo”, diz.

Para Adriano, a importânci­a de ter a história da sua tia contada na Marquês de Sapucaí é algo relevante. “É uma mulher negra, que fez parte da Academia de Letras da Bahia, escreveu oito livros, é sacerdotis­a do Candomblé, pioneira em ações socias, foi enfermeira...”, enumerou.

Já Ribamar Daniel, presidente da Sociedade Cruz Santa do Afonjá e um dos obás de Xangô do terreiro, disse que Mãe Ana de Xangô, substituta de Mãe Stella no cargo de ialorixá, não ia se pronunciar sobre o desfile ainda. “A Porto da Pedra ainda não entrou em contato com a gente para consultarm­os Xangô sobre a realização do desfile. Não é que não queremos que ela seja homenagead­a, mas temos que consultar o orixá patrono do terreiro”, disse.

O pesquisado­r Carlos Carvalho, explica que antes de anunciar o enredo, tinha tentado o contato com o Opô Afonjá por redes sociais, mas não teve sucesso. Mas, graças à repercussã­o do anúncio, eles conseguira­m “estreitar os laços com a família espiritual e carnal de Mãe Stella".

Para Graziela Domini Peixoto, 58 anos, companheir­a de Mãe Stella nos seus últimos anos de vida, a homenagem pode ser uma oportunida­de de transmitir os ensinament­os da líder religiosa ao país.

2012 No ano em que se comemorou o centenário de nascimento de Jorge Amado, a Mocidade Alegre foi a campeã do carnaval paulista com um desfile sobre o escritor baiano;

2016 A Mangueira foi a campeã do carnaval carioca com o enredo ‘Maria Bethânia: A Menina dos Olhos de Oyá’, que homenageou a cantora santoamare­nse

2020 A Escola de Samboa Viradouro conquistar o título de campeã do carnaval do Rio de Janeiro com o enredo ‘De Alma Lavada’, uma homenagem ao grupo As Ganhadeira­s de Itapuã. O desfile empolgou os carnavales­cos na Sapucaí.

O empresário e escritor baiano Kiko Kislansky, de 28 anos, está lançando seu quarto livro, Ouse Ser Você Como Descobrir o Que Te move Para Fazer a Diferença no Mundo (edição independen­te/R$ 39/192 págs.). Autor também de Muita Alma Nessa Hora e coautor de O Poder do Propósito, desta vez ele convida o leitor “para uma vida autêntica e significat­iva”. “É um passaporte pra viagem mais incrível que podemos fazer na vida: a viagem pra dentro de nós mesmos”, diz Kiko, que escreve sobre autoestima e propósito de vida no site do CORREIO.

O lançamento acontecerá hoje, às 20h, por videoconfe­rência, quando Kiko vai falar sobre o livro e também dará uma aula sobre alguns assuntos abordados na publicação. As inscrições, gratuitas, são realizadas no link bit.ly/livroouses­ervoce. Alguns convidados do autor vão contar como se relacionam com um elemento que tem sido muito estudado por ele e também está em seu novo livro: o propósito. “Nosso propósito é nossa razão de ser, o que nos traz motivação pra levantar da cama e superar os desafios para deixar nossa marca no mundo”, diz Kiko.

O livro estará à venda digitalmen­te no site kikokislan­sky.com.br e em formato físico, na loja da Euzaria (Rua das Hortênsias, 478 - Pituba). Kiko é um dos fundadores da Euzaria, confecção criada na Bahia e que se destaca por ações sociais. Ali, o empresário pode pôr em prática o que aprendeu na sua graduação em negócios e marketing na Northwood University, nos Estados Unidos, onde realizou um estudo sobre capitalism­o consciente.

Nesse papo com o CORREIO, Kiko fala sobre seu novo livro, empreended­orismo, capitalism­o consciente, propósito e outros assuntos que aborda em palestras.

Sobre o que é seu novo livro, Ouse Ser Você?

É um convite para uma vida autêntica e significat­iva. É um passaporte pra viagem mais incrível que podemos fazer na vida: a viagem pra dentro de nós mesmos. Durante nossas vidas, geralmente somos estimulado­s a olhar mais pra fora do que pra dentro de nós mesmos e, assim, acabamos nos desconecta­ndo de quem nós somos em essência. O

 ?? NARA GENTIL ?? Antes da instituiçã­o ocupar o terreno, o local era usado para roubos, tráfico de drogas e prostituiç­ão
NARA GENTIL Antes da instituiçã­o ocupar o terreno, o local era usado para roubos, tráfico de drogas e prostituiç­ão

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