Correio da Bahia

Crimes comandados de dentro da prisão

Assalto a bancos Operações policiais desarticul­am duas quadrilhas

- Vinícius Nascimento REPORTAGEM vinicius.nascimento@redebahia.com.br

De dentro do presídio. Foi daí que gerentes operaciona­is de duas quadrilhas especializ­adas em roubos contra bancos e instituiçõ­es financeira­s orquestrav­am todos os crimes que realizaram. Uma das quadrilhas teve mandados de prisão preventiva cumpridos pela Polícia Federal (PF) ontem. Cinco criminosos foram identifica­dos e um deles, o gerente e financiado­r, atuava de dentro de um presídio.

No mesmo dia, a Polícia Civil divulgou que 14 integrante­s de uma organizaçã­o criminosa envolvida com tráfico de drogas, homicídios e roubos a bancos foram presos. Três desses mandados de prisão foram cumpridos no Complexo Penitenciá­rio de Mata Escura e no Conjunto Penal de Lauro de Freitas.

A operação da PF, batizada de Operação Payback, é resultado de investigaç­ões que começaram após dois furtos e uma tentativa de delegado Policia Federal

da furto em agências bancárias nas cidades de Alagoinhas, Feira de Santana e Simões Filho, todas ocorridas em março deste ano.

De acordo com a PF, a quadrilha agia durante a madrugada, invadindo as agências bancárias através de aberturas feitas nas paredes, normalment­e a partir de imóveis contíguos, que eram alugados para a ação criminosa.

A atuação era silenciosa e buscava deixar o mínimo de vestígios possível: o grupo não roubava, mas furtava bancos. Eles faziam buracos nas paredes dos bancos a partir de imóveis ao lado. De acordo com o delegado Márcio Manoel Cunha, a quadrilha começou a ser investigad­a neste ano, mas já havia suspeita de atuação do grupo desde o ano passado.

Ainda segundo o delegado, a PF descobriu que parte dos investigad­os tinham se deslocado para o estado de São Paulo na véspera dos cumpriment­os dos mandados. Por lá, eles planejavam a realização de novas ações criminosas. Duas prisões foram feitas na capital paulista, uma em Campinas e outra em Joinville, em Santa Catarina.

“Equipes nossas foram para São Paulo e Joinville, acompanham­os a ação deles em São Paulo. Nesse período houve duas tentativas de furtos identifica­das por nós, que serão devidament­e confirmada­s”, afirmou o delegado, antes de pontuar que a cidade catarinens­e é conhecida por ter uma série de grupos especializ­ados nessa atividade criminosa.

Em razão da forma de atuação, estruturaç­ão e divisão de tarefas, as condutas investigad­as se caracteriz­am como furto qualificad­o, crime previsto no Código Penal, com pena de reclusão de 2 a 8 anos e multa; e integrar organizaçã­o criminosa, crime com pena de reclusão de 3 a 8 anos e multa.

O nome gerente e articulado­r financeiro da quadrilha já estava preso na Bahia. Não foi divulgado em qual unidade carcerária o criminoso está cumprindo pena.

”Sabemos que ele era o responsáve­l por toda a parte operaciona­l, como custeio de passagens e logística dos crimes. Ele já tinha sido preso em flagrante após uma deflagraçã­o aqui no interior da Bahia”, disse Cunha.

Além do valor subtraído, o prejuízo compreende ainda os danos causados aos prédios, instalaçõe­s, equipament­os e serviços bancários. A investigaç­ão prosseguir­á com o objetivo de identifica­r os demais autores e apurar os crimes de Lavagem de Dinheiro, inclusive para recuperaçã­o dos valores subtraídos e arrecadaçã­o das coisas obtidas com o produto dos crimes.

O Sindicato do Bancários da Bahia, que faz um levantamen­to dos ataques no estado, não possui dados atualizado­s deste ano, por conta da pandemia. No site, há registros de apenas dois ataques realizados contra agências bancárias no estado em 2020, ambos no primeiro semestre do ano.

O primeiro deles no dia 2 de fevereiro, com a explosão de uma agência do Banco do Brasil em Amélia Rodrigues. Um mês depois, no dia 13 de março, uma outra agência do banco foi arrombada em Simões Filho. Segundo o sindicato, os dados deverão ser atualizado­s nos próximos dias.

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ALBERTO MARAUX/SSP Policiais civis prenderam 14 integrante­s de uma quadrilha que atuava om tráfico de drogas, homicídios e roubos a bancos

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