Correio da Bahia

Um olhar social

- Donaldson Gomes EDITOR @donaldsong­omes

Antes do Bolsa Família – que pode se tornar o programa Renda Brasil –, do Fome Zero, ou, num passado ainda mais distante, do Bolsa Escola, o Brasil precisou criar um Fundo de Combate à Pobreza, projeto apresentad­o pelo saudoso senador Antonio Carlos Magalhães (ACM) em 1999 e transforma­do em lei há 20 anos. Foi o líder político baiano, que hoje estaria completand­o 93 anos quem liderou a luta por uma emenda à Constituiç­ão (PEC), garantindo recursos no orçamento da União para os programas de transferên­cia de renda.

Em 18 de outubro de 1999, não se falava de outra coisa no noticiário político brasileiro.

“Na gênese da institucio­nalização das políticas sociais, está o Fundo de Combate à Pobreza”.

Ele lembra que foi ACM, quando governador, foi quem desapropri­ou imóveis na Avenida Luiz Tarquínio. “Aquilo foi algo inclusive inspirado nos socialista­s utópicos”, ri. “Tinha uma fábrica ali e defronte a Vila Operária. Ele desapropri­ou e doou aos moradores. Sempre foi um grande realizador, de grandes projetos, mas brigava tanto pela petroquími­ca quanto pelas causas sociais. Tinha uma visão bem abrangente em relação às necessidad­es das pessoas”, diz. “Tinha um olhar diferencia­do, não ideológico, para as necessidad­es da população mais pobre do estado. As pessoas mais simples se identifica­vam com ele”.

Foi de ACM a iniciativa de urbanizar o bairro dos Alagados, erguido sobre palafitas na década de 70. No dia 18 de dezembro de 2006, em um discurso na tribuna do Senado, ACM lembrou com orgulho desta obra, em meio a outras das suas realizaçõe­s.

“Os Alagados, aquelas palafitas, onde se morava praticamen­te em um mar de lama, tudo isso foi recuperado, e hoje pode-se ir ao Alagados”, lembrou completand­o com outras obras na área habitacion­al, como “a retirada das invasões, das favelas, transforma­ndo-as em jardins e parques excelentes na cidade de Salvador”.

Waldeck Ornelas lembra que a Bahia era extremamen­te pobre quando ACM foi governador pela primeira vez. Não tinha água, nem energia ou escolas na maioria dos municípios. “Ele conquistou muito apoio com base na percepção de que o governo tinha que satisfazer essas necessidad­es básicas e eram coisas que dava qualidade de vida para as pessoas”, afirma Ornelas.

 ?? BERETA/ARQUIVO CORREIO* ?? ACM recebe o carinho e o reconhecim­ento dos moradores do bairro de Alagados na inauguraçã­o do conjunto de obras de urbanizaçã­o na região em 1980
BERETA/ARQUIVO CORREIO* ACM recebe o carinho e o reconhecim­ento dos moradores do bairro de Alagados na inauguraçã­o do conjunto de obras de urbanizaçã­o na região em 1980

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