CARURU EM SETEMBRO É DE LEI, PORÉM PROBLEMAS COM O DENDÊ PODEM AFETAR O COSTUME BAIANO
algumas quentinhas nos bairros carentes. Vai ser marmita, doce e bolo para as crianças”.
CONSUMO
No princípio de agosto, o CORREIO deu início a uma série de reportagens que revelou a escassez do azeite de dendê na Bahia, além de uma campanha para que leitores e empresas fizessem doações para ajudar as baianas de acarajé em dificuldade. As causas da falta de dendê na terra dos orixás são diversas.
Vão desde a baixa produção provocada pela severa entressafra deste ano até o fato de a Bahia produzir muito pouco dendê e ter que consumir boa parte do produto que é fabricado no Pará. Uma das reportagens mostrou que os paraenses produzem 97% do dendê no Brasil, enquanto aqui não chegamos a produzir sequer 2%.
Pouco mais de um mês depois, a escassez se mostra mais severa nos estabelecimentos. Na Feira de São Joaquim, maior centro de comercialização do produto em Salvador, ainda se encontra azeite. Mas cada vez mais caro e em menor quantidade. “Que tá chegando mercadoria, até tá. Pouco, mas tá chegando”, afirma Roniere Santos Pereira, dono do box Rony Massa Pronta. “Estamos esperando que a procura aumente em setembro. Tudo indica que não falte”, acredita Roni, que hoje vende a lata de 16 litros de dendê por R$ 130.
Quando o CORREIO revelou a escassez, um mês atrás, a mesma lata saía por R$ 120. Em maio ou junho, o valor da lata não passava de R$ 65. Roni confirma que a maior parte do dendê que ele comercializa vem do Pará. “A gente espera que continuem mandando pra não faltar caruru, né?”.
Dos principais distribuidores de azeite de dendê na Bahia, a empresa Sabor Baiano confirma que o óleo de palma que é produzido no Pará continua chegando em poucas quantidades. Isso porque boa parte da produção paraense tem sido usada para o mercado interno e até para exportação. Marcos Parente, proprietário, diz que em setembro o aumento das vendas costumava ser de cerca de 30%, o que aconteceria entre o meado e o fim do mês. Ele diz não ter certeza se vai ter dendê para a demanda de setembro, ainda que essa seja reduzida.
“A vendagem do azeite aumenta uns 30% em setembro. Não sei dizer se vai chegar a faltar porque dependemos da situação do azeite feito no Pará. Tá chegando muito pouco, por isso os preços não vão baixar a curto prazo. Lá tem azeite, mas a exportação e venda para Petrobras são prioridades. Então, são fatores que não temos controle”, explica Marcos.