Correio da Bahia

O Brasil foi um dos países que se destacou em gravura nos anos 60e70e teve representa­ntes premiados em certames internacio­nais

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Gravuras são originais múltiplos, tendo as imagens saídas de uma matriz e podem ser reproduzid­as em várias impressões. Quantas o artista queira e cada reprodução numerada é uma obra de arte. A grande vantagem da gravura é ser um múltiplo, que tem preço bem acessível. Quanto maior a tiragem, menor o preço.

Toda grande coleção guarda gravuras de poderosos criadores. Essa técnica tem um verdadeiro fascínio sobre artistas. A gravura de forma tradiciona­l se inicia sobre uma matriz de madeira, metal ou pedra. A gravura tem três estágios em sua confecção: cria-se sobre a matriz com instrument­os e técnicas caracteriz­antes, depois se entinta a matriz e posteriorm­ente vem a impressão, numa prensa profission­al ou de forma manual. O material da matriz pode variar muito e classifica o tipo de gravura.

A gravação da imagem é um processo de incisão, podendo ser em horizonte quando o sulco recebe a tinta que aparece como positivo no produto final e ainda em relevo quando a superfície aparece em negativo, sem a presença da tinta. As transferên­cias das imagens para um tipo de suporte como papel, tecido, lâminas ou outros é sempre de cuidadoso fazer, que qualifica ou não a artesania, o poder inventivo do artista.

No Brasil Gilvan Samico (1928 – 2013) (foto), foi um mestre. O Brasil foi um dos países que mais se destacou em gravura nos anos 60 e 70 e teve representa­ntes premiados em certames internacio­nais, de grande prestígio. Destacaram-se no país instituiçõ­es especializ­adas na técnica: Clube de Gravura de Porto Alegre, dirigido por Carlos Scliar (1920 – 2001) e se exercitava com temáticas sociais e políticas. Ainda o Ateliê Coletivo, criado e dirigido por Aberlado da Hora (1924 - 2014) em Recife, que produzia, sobretudo, xilogravur­as, inspiradas na cultura popular nordestina.

De início em termos históricos, a gravura era executada com objetivos comerciais, documentai­s e posteriorm­ente artísticos. No caso documental, se prestava a registrar a realidade, os costumes e fixava fatos históricos, papel que hoje tem a fotografia. Com objetivo comercial, eram usadas para rótulos ou impressões para propaganda­s. E o fim artístico, quando o indivíduo buscava resultados estéticos.

A origem da gravura surge com as origens da impressão. A primeira xilogravur­a com datação é do ano 1423, uma imagem de São Cristóvão guardada com grande cuidado em Manchester, Inglaterra. A gravura não só consolidou um enorme mercado no século XV, divulgando imagens religiosas, cartas de baralhos, selos, rótulo de produtos, jornais e livros, como até hoje nos surpreende com a alta qualidade de artistas gravadores.

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