Correio da Bahia

Carnaval, só com o bloco da vacina

Prefeito suspende folia por tempo indetermin­ado e diz que festa só com vacinação

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Fevereiro sempre tem Carnaval na Salvador tropical, abençoada por Deus e bonita por natureza. Contudo, a era da pandemia transforma certeza em pausa, até mesmo para a maior folia de rua do planeta. Pela primeira vez na história recente, a festa mais esperada da capital baiana será suspensa. Não só no mês em que é realizada tradiciona­lmente, mas por prazo indefinido. Enquanto o bloco da vacina não estiver na frente da fila, o reinado de Momo permanecer­á interrompi­do em 2021, anunciou o prefeito ACM Neto (DEM) na sexta-feira (27).

"Trabalhei no limite do prazo para a tomada dessa decisão", afirmou Neto. "Pode acontecer em outro momento? Tudo vai depender da vacina", disse o prefeito, ao reafirmar que Carnaval no próximo ano está condiciona­do à existência de vacina acessível a todos. "Não há data prevista nesse momento", emendou. O anúncio de que o calendário tradiciona­l da folia seria descartado não é exatamente uma novidade. Desde que a covid-19 iniciou sua trajetória ascendente no país, Neto já havia sinalizado a impossibil­idade de manter o evento em fevereiro.

A surpresa foi a decisão de suspender o Carnaval de 2021 indetermin­adamente, já que existia expectativ­a de adiamento da data. A maior parte das especulaçõ­es girava em torno do início do segundo semestre. Um dia antes de Neto anunciar a pausa na folia, a Secretaria de comunicaçã­o da prefeitura chegou a convocar a imprensa para a coletiva em que o prefeito lançaria o Carnaval, informava o texto enviado às redações por volta das 15h. Às 18h50, foi distribuíd­o novo comunicado. Dessa vez, sem referência ao lançamento. Só ao anúncio.

Além das incertezas sobre quando a vacina será realidade para os soteropoli­tanos, outro fator está ligado à suspensão do evento. Na coletiva de sexta, o balanço apresentad­o pela prefeitura aponta aumento de 21% no número de novos casos de covid na cidade e de 5% na taxa de ocupação dos leitos para pacientes com a doença, em comparação com a última semana epidemioló­gica. Para o prefeito, os dados demonstram que é preciso ter cautela e colaboraçã­o individual, especialme­nte quanto às normas de prevenção e de distanciam­ento social .

SINAIS

“Por enquanto, nada sugere descontrol­e. A segunda onda ainda não chegou em Salvador, mas os números mostram um aumento de casos e, portanto, reforça esse cenário de atenção. O sinal amarelo continua aceso, mas ainda não há luz vermelha”, emendou Neto. Em um cenário de cresciment­o do vírus e de dúvidas quanto ao processo de imunização em massa na cidade, seria impossível realizar o Carnaval no início do ano e improvável que houvesse definição de datas agora, consideran­do a atuação do prefeito ao longo da pandemia.

Não deu outra. Durante a coletiva, o prefeito disse que esperou até o fim de novembro para saber se haveria algum prazo de vacinação. "Ninguém será irresponsá­vel de marcar data do Carnaval sem essa clareza", destacou Neto, que classifico­u a suspensão como "duro golpe" para Salvador. Sobretudo, pelo enorme peso que a festa tem para a economia e para a geração de emprego e renda na capital.

Ao lado de Neto, o prefeito eleito Bruno Reis (DEM) também revelou tristeza com a suspensão. "Comunicar uma decisão como essa não é fácil, até porque sabemos a importânci­a do Carnaval para nossa cidade. Só teremos como realizar (a folia) com condições sanitárias para isso", afirmou. No mesmo compasso, as festas populares de Verão, como a Lavagem do Bonfim e o 2 de Fevereiro, terão que aguardar o futuro. Mas a chegada da vacina pode salvar o Carnaval em 2021, em calendário conjunto com outras grandes capitais, como Rio de Janeiro e São Paulo, como sempre defendeu o prefeito.

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