Correio da Bahia

APREENSÃO DEARMAS PELA PRF-BA

- Clarissa Pacheco texto clarissa.pacheco @redebahia.com.br

principal torcida do Boca Juniors, trouxe faixas e a charanga incessante. Há histeria e o principal canto da noite:

A esos putos les tenemos que ganar!

A esos putos les tenemos que ganar!

A esos putos les tenemos que ganar!

Maradona joga pouco. Mas vive animado com a modalidade, ótima opção para ex-atletas, fonte de renda e negação ao ócio sem fim. Deixa um de pênalti, comemora como Maradona e o jogo termina 7x7. Do lado de fora do ginásio, dezenas de ambulantes expõem peças alusivas não à seleção, mas ao mito, à lenda, ao Deus argentino que se foi na última quarta-feira, 25. Maradona marcou uma geração. Existem milhares de Diegos na faixa dos 30 anos, devidament­e bem registrado­s em homenagem ao 10. Mais do que a qualidade técnica, conseguia unir habilidade e raça, uma soma pouca vista. Quem não conhece inúmeros canhotos que fazem de tudo no meio-campo, distribuem banhos de cuia, finalizam bem, mas dormem a maior parte do tempo durante a partida?

Maradona, não. Empurra o time. Recusa-se a aceitar a derrota. Baixinho retado, parte pra cima e não teme os gigantes italianos do Norte. Vejam e revejam Diego Maradona, do britânico Asif Kapadia, para entender como virou uma lenda em Nápoles. Um líder da caça simbólica, do futebol em substituiç­ão à caça de sobrevivên­cia, segundo a interpreta­ção de Desmond Morris, professor da Universida­de de Oxford.

Maradona era o coração em campo. Claramente há (muito) amor ao jogo. Do amarrar do cadarço, envolvendo a chuteira Puma, nos pontinhos durante o aqueciment­o, na busca pelo contato, da convivênci­a em grupo, da alegria exuberante, do golaço de mão, vingador das Malvinas. De que planeta vieste?

Não foi o melhor, mas deixa um legado imenso. Na empatia, em representa­r um povo, em se posicionar como cidadão do mundo, em ter um lado e seguir com ele. Até o fim.

Arrimo de família desde 20 de outubro de 1976, quando estreou pelo Argentino Juniors, na primeira divisão do futebol argentino, a dez dias de completar 16 anos de idade, Maradona não suportou o peso do mundo. Buscou soluções, encontrou ilusões. Mas virou referência eterna para quem gosta do jogo jogado, com arte e luta, guerra e paz. Descanse, Diego. E obrigado.

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