APREENSÃO DEARMAS PELA PRF-BA
principal torcida do Boca Juniors, trouxe faixas e a charanga incessante. Há histeria e o principal canto da noite:
A esos putos les tenemos que ganar!
A esos putos les tenemos que ganar!
A esos putos les tenemos que ganar!
Maradona joga pouco. Mas vive animado com a modalidade, ótima opção para ex-atletas, fonte de renda e negação ao ócio sem fim. Deixa um de pênalti, comemora como Maradona e o jogo termina 7x7. Do lado de fora do ginásio, dezenas de ambulantes expõem peças alusivas não à seleção, mas ao mito, à lenda, ao Deus argentino que se foi na última quarta-feira, 25. Maradona marcou uma geração. Existem milhares de Diegos na faixa dos 30 anos, devidamente bem registrados em homenagem ao 10. Mais do que a qualidade técnica, conseguia unir habilidade e raça, uma soma pouca vista. Quem não conhece inúmeros canhotos que fazem de tudo no meio-campo, distribuem banhos de cuia, finalizam bem, mas dormem a maior parte do tempo durante a partida?
Maradona, não. Empurra o time. Recusa-se a aceitar a derrota. Baixinho retado, parte pra cima e não teme os gigantes italianos do Norte. Vejam e revejam Diego Maradona, do britânico Asif Kapadia, para entender como virou uma lenda em Nápoles. Um líder da caça simbólica, do futebol em substituição à caça de sobrevivência, segundo a interpretação de Desmond Morris, professor da Universidade de Oxford.
Maradona era o coração em campo. Claramente há (muito) amor ao jogo. Do amarrar do cadarço, envolvendo a chuteira Puma, nos pontinhos durante o aquecimento, na busca pelo contato, da convivência em grupo, da alegria exuberante, do golaço de mão, vingador das Malvinas. De que planeta vieste?
Não foi o melhor, mas deixa um legado imenso. Na empatia, em representar um povo, em se posicionar como cidadão do mundo, em ter um lado e seguir com ele. Até o fim.
Arrimo de família desde 20 de outubro de 1976, quando estreou pelo Argentino Juniors, na primeira divisão do futebol argentino, a dez dias de completar 16 anos de idade, Maradona não suportou o peso do mundo. Buscou soluções, encontrou ilusões. Mas virou referência eterna para quem gosta do jogo jogado, com arte e luta, guerra e paz. Descanse, Diego. E obrigado.