Mil vezes os vícios explícitos de Maradona do que o bom-mocismo do brasileiro
De acordo com a autópsia, a criatura morreu de infarto. Ou “parada cardiorrespiratória”, o que é algo bem vago. Enquanto dormia. Aos 60 anos. Uma morte boa, inclusive, ainda que prematura. Naquela noite, ele não tava na balada tomando doce nem largado na cracolândia nem dando uns tecos com amigos ou qualquer coisa parecida. Maradona não morreu de overdose o que – aí, sim, eu entenderia – seria mote inevitável para todo comentário e notícia. Tá. Como sabemos, é comum que a causa mortis esteja ligada ao estilo de vida. Quando o processo dá certo (e não há acidentes, claro), construímos a nossa morte todos os dias. Cada um ao seu modo e gosto. Cada qual com seus limites.
(Qualquer que seja a vida que levamos, vai nos predispor à nossa morte “escolhida”)
Com Maradona não seria diferente. No entanto, não vemos “infelizmente era louco por mocofato” ou “não se exercitava regularmente” nem “a circunferência abdominal havia passado do limite saudável” quando glutões e sedentários batem as botas, por exemplo. Porque a nossa questão, até nessa hora, é moral. Infelizmente. Nesse caso específico, ainda, de forma sutil (ou nem tanto), colocando Pelé como contraponto. Dentro de campo, não discuto porque não sei. Mas, fora dele? Pelé? Pé-lé? Pelé, gente?
“Ah, então não podia comentar que o cara era dependente químico?”. Oxe, pode tudo. Nem ele tentava esconder, sabemos. E depois, cada um tem sua boca pra dizer o que pensa. A questão aqui é, justamente, o que pensamos coletivamente. Aí, é o seguinte: não teve uma vez que repórter engomadinho falasse (alguns performando respeito, mas vazando ironia) da “vida conturbada” do jogador que eu não fosse pro meme “enfim, a hipocrisia”. Explique “conturbada”, inclusive. Adjetivo
suavíssimo se aplicarmos às vidas de muitos dos adorados atletas do futebol contemporâneo brasileiro. Que, diante destes, Garrincha – com toda a cachaça – era fichinha. Dieguito também que, até onde eu sei, nem cachorro que come gente morta - ou mulher esquartejada tinha.
Eu gostava dele. Até achava bem sexy, apesar de tão baixinho (gosto pessoal, dá licença). Tinha fogo nas ventas.
Mas a questão não é essa nem a minha recém-descoberta paixão por argentinos, Argentina, salteñas e afins (tenho meus motivos). Não se trata de “defender” quem nem precisa e quem sou eu na fila, né? É sobre nós e nosso puritanismo, sobre essa doença chamada normose que, cada vez mais, nos atinge. É a tristeza por termos perdido a verve junto com a noção de que há crimes maiores do que cheirar cocaína. Mas tudo bem cometê-los se você parece “limpinho”.
Com tudo que viveu, Maradona era mais saudável e funcional do que muito brasileiro médio que eu conheço. Ele, escancarado, frágil, vivo. Posicionado, pele tatuada com imagens de quem era e do que acreditava. Este, o brasileiro médio, agora metaforizando a hipocrisia, com perfeição, quando anda por aí com a máscara no queixo. Nenhuma imagem define melhor o ”vou, mas não vou”, “sou, mas importa é que eu não pareça”, “não enfrento, mas despisto”. Porque, além de tudo, nos faltam culhões (e ovários, claro) em nossa era do bom-mocismo, da violência direcionada aos mais frágeis, do ódio doméstico, mas barbas feitas toda segunda-feira e muita oração na igreja. Perdidos estamos nós, companheiros/as. Conturbada é a nossa vida. Eu sigo preferindo mil vezes os vícios explícitos de Maradona do que o bom-mocismo do brasileiro. Principalmente porque este é da minha conta. Deste, eu tenho medo.
gócios, e com sorte conseguiremos fazer os livros serem mais lidos, falados, consumidos. Assim, conseguiremos dar mais visibilidade e trazer mais inovação, dando a relevância que o livro merece, quem sabe transformando-o em “pauta de conversa de bar”, tanto quanto são os eventos esportivos, os filmes e os seriados.
Distanciamento, e-commerce e lazer no ambiente doméstico, como a leitura. Como a Tag cresceu na pandemia?
Sim. O impulsionamento do varejo online teve alguns efeitos positivos sobre nós. A comodidade de receber em casa e o auxílio que o clube oferece na curadoria dos livros, além do relacionamento entre a própria comunidade, aumentaram o número de assinantes no período.
Qual o caminho para a inovação e integração entre o mundo on e offline?
Cada um entende de que forma serve ao leitor: que valor eu entrego? O varejo online não compete com o varejo offline. São formas diferentes de oferecer algo. E o que ele quer de um e o que do outro? Entender e responder isso com produtos e serviços é o que precisamos fazer.
De que maneira a Tag faz essa curadoria? E o brasileiro gosta ou não gosta de ler? Precisamos lutar contra esse estigma do brasileiro que não gosta de ler. A nacionalidade não é a causa própria da não-leitura. As causas estão por trás disso. Mas acredito que o próprio fato de a Tag ser referência global em clube de livros, reconhecida internacionalmente pelo Quantum Publishing Innovation Award, e de sermos brasileiros, indica que temos a crescer ainda nessa quantidade de leitores.
Como ser realmente diferente no mercado de livros e transformar o produto em experiência?
O segredo é pensar no cliente, no que é valor para ele e de que forma eu posso criar produtos e serviços que entreguem esse valor. Sempre partir daí. Na Tag, supomos que as pessoas gostariam de uma experiência de consumo diferente e fomos concebendo isso pensando no leitor. Os livros surpresa para gerarem expectativa e permitirem uma fuga da zona de conforto. A revista para dar conteúdo pré e pós-leitura. O modelo de assinatura para dar periodicidade à leitura. Enfim, uma comunidade para trocar opiniões, impressões e fazer amigos.
de Manifestação de Interesse (PMI), cujos custos serão ressarcidos pelo vencedor da licitação de PPP, o instrumento mais apropriado para implementação dessa ação. Para cada caso, será necessário definir o escopo específico.
Financiadora da iluminação pública, a COSIP foi criada para assegurar a autonomia do município na prestação do serviço de iluminação pública ante a insuficiência da receita tributária vis-à-vis o conjunto das competências e responsabilidades municipais. Muitos municípios no entanto negligenciam esse instrumento, chegando ao absurdo de alguns até mesmo ingressarem na Justiça para manter a rede de iluminação pública com as concessionárias de energia, o que além de constituir renúncia à competência institucional e administrativa – o que é condenável – incorre em conflito de interesse, uma vez que à concessionária não interessa modernizar o parque de iluminação porque isto contribui para a redução de sua própria receita.
Por outro lado, se é preciso estabelecer valores para a COSIP que sejam suficientes para cobrir todo o custo de operação e manutenção da iluminação pública – dispensando a utilização adicional de recursos orçamentários – não basta também considerar que, uma vez existindo a COSIP, não seja necessário administrar a conta de luz. Muito pelo contrário, há aqui um imenso campo de atuação capaz de propiciar a redução dos gastos, via eficiência. Não sem razão, em muitos casos, a conta de luz da Prefeitura – abrangendo a iluminação pública e o consumo dos prédios e serviços públicos – constitui a maior conta local da distribuidora de energia.
Mas muitas prefeituras desconhecem esses aspectos elementares, e não só eles, apenas e tão somente porque não incorporam aos seus quadros administrativos, nem que seja em cargos de confiança, profissionais portadores de conhecimento técnico e administrativo capazes de apoiar o Prefeito e sua Administração para uma boa e eficiente gestão pública. Crie-se um corpo de assessoria especial de planejamento junto ao Prefeito, fica a sugestão.