TURAMBEY MACEDO
ARQUITETO, 35 ANOS
Ansiedade, dificuldade de concentração e vontade de voltar para casa. Quando Otto nasceu, o arquiteto Turambey Macedo tirou cinco dias de licença-paternidade e voltou à ativa quando sua esposa ainda se recuperava do parto. Até que a pandemia mudou tudo na vida do casal e do bebê, hoje com 10 meses.
Com a possibilidade do home office, a licença de Bey, como é conhecido pelos amigos, “aumentou” para quatro meses. Foram três trabalhando em casa e mais um de férias com a família. Quando Otto sentou pela primeira vez, Bey estava lá. A primeira troca de fralda? Também foi com o pai, que deu banho todos os dias.
“Foi uma experiência maravilhosa, queria viver sempre. Nesse período vi Otto engatinhar, sentar, sorrir, interagir com Tom (o cachorro)”, comemora. Mas não há só flores, afinal tiveram que dispensar qualquer ajuda durante na quarentena.
Filho, cachorro, faxina... A maratona foi vivida intensamente por ele e a advogada Tylara Jansen. “Foi um período bem difícil, mas tudo compensava, porque sabia que se não fosse isso eu estaria no escritório trabalhando 15 horas ansioso para chegar em casa”, confessa. Seria tudo mais difícil, não fosse o fato de que ele e a mulher dividiram 100% as atividades. “Só não amamentei”, sorri.
Nesse período, o arquiteto se fez vários questionamentos. “Como Tylara ia fazer isso tudo sozinha? Não tem como! Eu não estaria em casa e seria muito mais cansativo para ela. Como é possível cinco dias de licença-paternidade, só?”, indaga. “É muito pouco em relação a tudo: sobrecarregar a mãe, deixar de vivenciar esses primeiros meses...”, reflete.
Sem a pandemia, acredita Bey, “seria mais prazeroso e menos cansativo”. Mas não reclama, afinal o próprio arquiteto teve um pai ausente e está feliz com a oportunidade que teve com Otto. “Meu filho jamais vai viver o que vivi. Vou estar presente na vida dele o tempo todo”, garante.
Quando volta do trabalho, Bey já nota que o filho o reco- nhece e fica feliz. Para ele, é um ótimo momento para fazer estudos sobre os benefícios da presença prolongada do pai. “Essa é uma oportunidade que poucos tiveram e poucos vão ter. Foi uma experiência louca, boa, exaustiva, mas no final valeu a pena”, agradece. Quando vê os amigos sem trocar fralda, ou dar banho, Bey lamenta:. “O que a gente pode fazer é servir de exemplo”.