Correio da Bahia

TYLARA JANSEN

ADVOGADA, 27 ANOS

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Quando se viu sozinha na pandemia com o filho recémnasci­do, a advogada Tylara Jansen ficou sem chão. “Chorei muito, porque queria o apoio de minha mãe, mas não podia. E não ia ter meu marido”, desabafa. Mas uma semana depois sua aflição teve fim: seu marido entrou em home office.

O que eram só cinco dias viraram quatro meses de apoio mútuo. “Acompanham­os o dia a dia dos primeiros meses de Otto. Todos no apartament­o, surtando e curtindo juntos”, ri Tylara, sobre o desafio de criar um bebê na quarentena. “Nós, mães, sabemos que tem um lado muito ruim da pandemia, mas em algum ponto somos agraciadas”, afirma.

Tylara, por exemplo, não tinha férias vencidas, mas conseguiu antecipar os 30 dias por causa da Medida Provisória (MP) 927/2020 lançada durante a pandemia. Com isso, ficou mais tempo em casa com o pequeno Otto, hoje com 10 meses. Em seguida, voltou a trabalhar em home office e conseguiu mais um mês perto do filho. Só quando ele fez seis meses de amamentaçã­o exclusiva, ela voltou a trabalhar na rua.

Até lá, acompanhou o passo a passo do filho ao lado do marido. “Bey mostrava várias coisas no colo: ‘Vamos ver o mundão, filho!’. Era muito bonito ver ele dar banho todos os dias. Foi uma sensação de cumplicida­de, sabe? O que não tive na primeira semana de Otto, porque ele estava trabalhand­o. Ver o quanto ele podia contribuir me fortaleceu muito”, comemora Tylara.

Muitos aprendizad­os ficam dessa experiênci­a, em sua opinião. A união familiar é um deles e a possibilid­ade de uma paternidad­e mais participat­iva. “Bey me lembrava do remédio de Otto, do banho, da vacina... Tudo o que eu via mais sobrecarre­gado nas costas de minha mãe, via sendo dividido em casa entre nós dois”, compara.

Filha de um pai agressivo com a mãe, Tylara comemora a cumplicida­de construída com Bey: “Era muito bom ter ele em casa. A licença-paternidad­e é muito curta. A mulher nem se recuperou fisicament­e e já não pode contar com o marido”..

Tylara lamenta que “ainda tem muito homem que faz da mulher dona de casa, babá, mãe, tudo”. Por isso, entende que ser mãe de menino é uma missão. “Nós, mães, somos também muito responsáve­is por perpetuar a ideia de masculinid­ade tóxica. Espero contribuir positivame­nte para o mundo, deixando uma pessoinha mais humana e feliz”, sorri.

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